Um café que fica

Bruno Faustino é autor da coluna

|  Foto:
Arquivo / AT

Tem café que a gente toma e esquece. E tem café que fica. Fica no paladar, na memória… e na alma. O que nasce no Sítio Denizar, em Marechal Floriano, é assim.Um café com nome, sobrenome e raiz. Cultivado no alto das Montanhas Capixabas, a mais de 900 metros de altitude, ele carrega na xícara o sabor da persistência, da família e da terra.A história começa devagar, como quem sobe a BR-262 em direção ao coração do Espírito Santo. As curvas revelam paisagens que parecem pintura — e, no meio delas, o Douro Cafés Especiais vai crescendo, florando, colhendo sonhos. É ali, no sítio de 10 hectares e 35 mil pés plantados, que Seu Estevão, Dona Penha e os filhos transformaram a rotina da lavoura em conquista nacional.O filho mais velho, Denizar, foi até a Guatemala pra estudar o que sempre respirou em casa: café. Voltou com ideias novas, mas com a mesma fé no que os pais sempre acreditaram. Tiago, o caçula, seguiu no mesmo caminho. E Dona Penha, que levava os filhos pra roça enrolados em coberta nos dias frios, hoje passa café no coador de pano e torra os próprios grãos no laboratório da família.A cada conversa, a gente entende: esse café tem história. A água vem de nascente própria, a mata é preservada, o terreiro de cimento recebe os grãos com cuidado de filho. O aroma que sai da torrefação é como abraço de vó: quente, denso, inesquecível.Não por acaso, o Douro já subiu ao pódio dos melhores cafés do Brasil. Recentemente, conquistou o segundo lugar no Prêmio Brasil Artesanal, da CNA, na categoria café torrado.O reconhecimento tem gosto de vitória, mas também de pertencimento. Porque mais que prêmio, esse café representa a escolha da permanência. Os filhos tiveram chance de sair, mas decidiram ficar.E é essa escolha que faz a diferença. Porque quando a juventude finca os pés no campo, a lavoura ganha futuro. E o café, identidade. Em Marechal Floriano, o sabor do Brasil vem da roça, do esforço coletivo e do amor que atravessa gerações.E se você, ao ler essa coluna, sentiu vontade de experimentar esse café… é porque ele também ficou. Na sua memória. E talvez, quem sabe, na sua alma. Para saber mais: não perca o Programa Negócio Rural, amanhã, na TV Tribuna/Band, às 10 horas. Não perca!

Adicionar aos favoritos o Link permanente.