Ibovespa fecha em alta ansioso por pacote fiscal

Segundo análise de Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, o Ibovespa fechou em alta hoje. O principal dado divulgado hoje foi a divulgação do IPCA-15 de novembro, que surpreendeu negativamente ao registrar alta de 0,62% no mês, acumulando 4,77% em 12 meses. Esse resultado reforça pressões inflacionárias, especialmente em serviços e alimentos, como carne bovina, que segue pressionada pela valorização do boi gordo e do dólar. Apesar desse cenário desafiador, o mercado adota uma postura de otimismo cauteloso devido à expectativa pelo anúncio do pacote fiscal do governo.

Minha visão é que, embora o pacote possa trazer alívio às contas públicas no curto prazo, ajudando na consolidação fiscal, será essencial observar se ele virá acompanhado de medidas robustas e estruturais, capazes de equilibrar o crescimento econômico e conter as pressões inflacionárias de longo prazo. Um pacote mal estruturado ou com cortes insuficientes pode frustrar o mercado.

A atenção global se volta às tarifas prometidas pelo presidente eleito Donald Trump, que anunciou um adicional de 10% sobre produtos chineses e de 25% sobre todas as importações do México e Canadá. Essas tarifas podem impactar cadeias globais de suprimentos, pressionar custos de produção e reduzir o crescimento comercial entre os países envolvidos, além de gerar um efeito cascata em mercados emergentes, como o Brasil. A reação do mercado asiático foi negativa, com quedas nas ações chinesas, refletindo a percepção de risco econômico e geopolítico crescente. Essas medidas, embora ainda não implementadas, já começam a afetar as expectativas globais de crescimento.

No Brasil, o impacto do IPCA-15 segue no radar, com preocupações sobre a inflação de 2025 devido às pressões de serviços e preços industriais. O aguardado pacote fiscal será chave, com o mercado atento à sua robustez para aliviar as contas públicas. Outro ponto relevante é o possível “bônus de Itaipu”, que pode reduzir contas de energia em dezembro, mas gerar impacto inflacionário em janeiro.

Também teremos dados de emprego como CAGED (quinta) e PNAD (sexta) serão importantes, com expectativa de 185 mil novas vagas e desemprego em 6,3%, reforçando o mercado de trabalho apertado.

No cenário internacional, destaque para a ata do FOMC (terça-feira), que deve reforçar a confiança em um “soft landing” e discutir ajustes na política monetária. Na quarta, o índice PCE nos EUA pode apontar aceleração inflacionária. Na Ásia, a inflação de Tóquio (quinta-feira) deve apoiar o ciclo de alta do BoJ, enquanto a inflação da Zona do Euro (sexta-feira) pode indicar deflação, ajudando o BCE a planejar os próximos passos.

Entre as maiores altas, temos BRAV3. A forte alta da Brava Energia pode estar relacionada ao movimento positivo no setor de energia e especulações sobre o potencial de crescimento da empresa. Apesar de fracos números de produção em outubro, os investidores parecem otimistas com a recuperação operacional de ativos onshore e expectativas de retomada offshore em 2025. O mercado pode estar antecipando potenciais melhorias operacionais no longo prazo, mesmo que a empresa enfrente desafios de curto prazo.

As ações do Carrefour sobem refletindo diretamente o pedido de desculpas do CEO global em relação às críticas à carne brasileira e o anúncio da normalização do abastecimento nas lojas parece aliviar as tensões com o setor agropecuário e melhorando a percepção da marca no mercado Brasileiro.

A Copel lidera entre as empresas de energia em alta devido ao anúncio da recompra de ações, pagamento de JCP extraordinário e investimentos robustos para 2025, reforçando a confiança do mercado em sua gestão.

As ações de Magazine Luiza e Assaí estão sendo impulsionadas pelo otimismo generalizado no setor de varejo. Esse movimento é apoiado, na minha visão, pela expectativa de medidas fiscais que podem estimular a economia e pelos dados positivos de emprego esperados no CAGED, indicando um fortalecimento do consumo. Além disso, a recuperação do índice de small caps contribui para valorizar ativos ligados ao varejo, favorecendo a perspectiva de maior demanda no final do ano.

Entre as maiores quedas, temos SUZB3. A queda reflete as dificuldades macroeconômicas, especialmente na China, que impactam os preços da celulose, aliados ao aumento dos custos operacionais, como madeira e energia, pressionados pela depreciação do real. Apesar de uma sólida performance no 3T24 e o ramp-up eficiente do projeto Cerrado, o mercado continua cético quanto à recuperação no curto prazo devido à pressão nos preços de exportação. Ainda assim, a empresa apresenta forte potencial de geração de caixa, o que sugere que essa pressão atual pode ser uma oportunidade para investidores mais pacientes.

Vale e CSNA3 caem, já que continuam sendo impactada pela volatilidade nos preços do minério de ferro e pelas quedas das ações na China, resultado das incertezas sobre as tarifas comerciais prometidas por Donald Trump, que podem afetar o apetite global por commodities.

Confira aqui os dados do fechamento do Ibovespa e demais índices

  • Ibovespa: 129.922,38 (+0,69%)
  • S&P 500: 6.021,60 (+0,57%)
  • Nasdaq: 19.174,30 (+0,63%)
  • Dow Jones: 44.860,31 (+0,28%)
  • Dólar: R$ 5,80 (+0,04%)
  • Euro: R$ 6,08 (-0,28%)

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