Especialista explica ‘invasão’ de Carcará a residência em Macapá

Por RODRIGO DIAS

A captura de um Carcará em uma residência do Bairro Pacoval, na zona norte de Macapá, ontem (23), chamou a atenção e gerou questionamentos sobre o motivo da ave invadir um ambiente urbano.

A rapineira foi capturada pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Amapá com o uso de técnica específica e uma rede projetada para não machucar o animal, que já estava com uma das asas machucada quando os militares chegaram.

Para entender melhor o evento e o comportamento dessas aves em áreas urbanas, o Portal SN conversou com o biólogo Joandro Pandilha, mestre em Biodiversidade Tropical pela Universidade Federal do Amapá (Unifap). Ele é especialista em aves.

Ave caminhou pela casa

Ao analisar as imagens divulgadas pelo Batalhão Ambiental, o especialista confirmou a identificação: “Trata-se de um Carcará (Caracara plancus)”.

Sobre a ocorrência em áreas urbanas, Pandilha esclareceu que, apesar de serem vistos sobrevoando a cidade, não é comum que invadam residências.

“O Carcará não tem hábito de invadir casas em cidades. O que pode acontecer é que essa ave é bastante oportunista na questão alimentar, então, às vezes, ela pode descer para revirar lixos ou predar pequenos animais, como lagartos ou mesmo filhotes domésticos, presentes nessas residências”, explicou o biólogo, complementando que a ave prefere árvores altas, pequenas manchas florestais, campos abertos naturais, plantações e beiras de estradas.

Com técnica específica …

… os militares conseguiram resgatar o Carcará

Sobre a ocorrência na casa do Pacoval, o biólogo também acredita que a ave pode ter pousado na propriedade urbana por ter, eventualmente, sido machucada anteriormente.

O especialista destacou, ainda, que o Carcará é uma ave comum em todo o estado do Amapá, habitando diversos tipos de ambientes. Em relação à sua alimentação, Pandilha informou que a espécie é generalista e oportunista.

“Ela come de tudo, desde animais vivos ou mortos (carniças) até alguns tipos de frutos. É comum vê-la em beiras de estradas e campos de plantio, onde se alimenta de animais atropelados e pequenos lagartos e cobras mortas ou expostos em áreas aradas para plantação”, detalhou.

Bi[ólogo Pandilha é especialista em aves

Ao ser questionado sobre a atitude dos moradores ao se depararem com um Carcará em suas propriedades, o biólogo orientou:

“Se a ave estiver sadia, é fácil afugentá-la sem tentar feri-la. Porém, se for um indivíduo jovem ou ferido que não consiga voar direito, é indicado notificar o batalhão ambiental para que realizem a captura de forma segura e o encaminhem ao Cetas local”.

Pandilha também fez um alerta importante sobre as consequências de ferir ou matar um Carcará.

“Ferir ou matar um carcará, que é uma ave silvestre, configura crime ambiental conforme a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), podendo incorrer em prisão e multa”.

Caracara plancus foi levado para o Cetas do Ibama, onde será reabilitado à natureza

Recuperação

Após o resgate feito pelos policiais, o animal foi encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, em Macapá, onde receberá os cuidados necessários para sua recuperação e futura reinserção na natureza.

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