Alemanha foi 4° país com maior gasto bélico no mundo em 2024

Despesas militares globais bateram novo recorde, subindo 9,4% em comparação com 2023, maior salto anual desde o fim da Guerra Fria. Gastos militares mundiais cresceram de forma constante nos últimos dez anos.

(DW) Mais de 2,7 trilhões de dólares é o novo recorde de gastos militares globais em 2024, representando um aumento de 9,4% em comparação com 2023. Os gastos militares internacionais têm crescido de forma constante nos últimos dez anos. Mas nunca antes, desde o fim da Guerra Fria, eles cresceram tanto em um único ano.

Mais de 100 países tiveram mais gastos bélicos do que no ano anterior, de acordo com o último relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês). O aumento foi particularmente significativo na Europa e no Oriente Médio – uma consequência das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

Alemanha vai ao quarto lugar

A Alemanha teve uma contribuição significativa para a alta nos gastos militares registrada na Europa. Em 2024, os investimentos alemães no setor aumentaram pelo terceiro ano consecutivo. De acordo com o Sipri, foram 88,5 bilhões de dólares, 28% a mais do que em 2023.

“Pela primeira vez desde a Reunificação, a Alemanha é o país com o maior gasto militar da Europa Ocidental”, enfatiza o pesquisador do Sipri Lorenzo Scarazzato. Isso se deve ao fundo especial de 100 bilhões de euros para gastos militares que o governo alemão introduziu em 2022. A Alemanha usará esse dinheiro para renovar a estrutura e equipamentos defasados de suas Forças Armadas.

Orçamentos de defesa mais altos em toda a Europa

Muitos outros países europeus também aumentaram significativamente seus gastos militares em 2024: a Polônia gastou 31% a mais do que no ano anterior e agora investe 4,2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa. Esse é o porcentual mais alto de todos os membros europeus da Otan. Em 2024, ano em que aderiu à Otan, a Suécia investiu 34% a mais do que no ano anterior e gastou 12 bilhões de dólares em defesa.

Os gastos de defesa europeus foram impulsionados principalmente pela guerra na Ucrânia, que já dura três anos. Além de gastar com seus próprios exércitos, muito dinheiro também foi canalizado para a ajuda militar à Ucrânia – um total de 60 bilhões de dólares. Embora boa parte desse valor seja originado dos EUA, os países europeus também forneceram ajuda, principalmente a Alemanha, com 7,7 bilhões de dólares.

A própria Ucrânia teve, de longe, o maior ônus militar em relação ao tamanho da economia do mundo: em 2024, suas despesas militares chegaram a 34% do seu PIB. Em comparação, na Alemanha, esse valor foi de pouco menos de 2% no ano passado. “Todas as receitas fiscais da Ucrânia em 2024 foram completamente absorvidas pelos gastos militares, enquanto todos os gastos socioeconômicos não militares foram financiados por ajuda externa”, afirma o relatório. A agressora, Rússia, investiu 149 bilhões de dólares em suas forças armadas no ano passado, um aumento de 38% em comparação com 2023.

Ninguém gasta mais que os EUA

Os EUA continuam sendo, de longe, o país com o maior gasto militar, que aumentou ainda mais em 2024, chegando a um total de 997 bilhões de dólares. “Uma parte significativa do orçamento dos EUA para 2024 foi destinada à modernização das capacidades militares e do arsenal nuclear para manter uma vantagem estratégica sobre a Rússia e a China”, diz a análise do Sipri. Os Estados Unidos têm mais de 5 mil ogivas nucleares e estão gastando muito dinheiro para modernizar gradualmente seu arsenal.

A China também pretende modernizar suas forças armadas em todas as áreas até 2035, investindo 314 bilhões de dólares em 2024. De acordo com o Sipri, as capacidades militares aprimoradas incluem “novos caças furtivos, veículos aéreos não tripulados (drones) e veículos subaquáticos não tripulados”. A China expandiu ainda rapidamente seu arsenal nuclear em 2024.

Perigo de corrida armamentista na Ásia

China continua a se armar: porta-aviões Fujian, de produção chinesa, um dos mais modernos do mundo

Outros países da região também estão se armando. Por exemplo, o Japão, cujos gastos militares aumentaram 21%, chegando a 55,3 bilhões de dólares em 2024. “As grandes empresas de armamentos da região da Ásia-Pacífico estão investindo cada vez mais em capacidades militares avançadas”, enfatiza Nan Tian, diretor do Programa de Despesas Militares e Produção de Armas do Sipri.

Em vista das crescentes tensões, existe o risco de que “esses investimentos mergulhem a região em uma perigosa espiral de corrida armamentista”. O armamento maciço da China e da Coreia do Norte, em particular, é visto como uma ameaça por outros países da região.

No Oriente Médio, Israel se destaca. O país aumentou seus gastos militares em 65% para 46,5 bilhões de dólares em 2024. Esse aumento está relacionado à escalada do conflitocom o Hezbollah e à guerra em andamento na Faixa de Gaza. Diante desse cenário, o Líbano também voltou a gastar significativamente mais com defesa. Esse não foi o caso nos anos anteriores, devido à instabilidade política e econômica do país.

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