Conclave: Com mais de 130 cardeais, começa a escolha do novo papa

O conclave para a escolha do novo papa teve início nesta quarta-feira, 7, no Vaticano, com uma série de rituais cuidadosamente planejados, marcando o primeiro passo na escolha do líder da Igreja Católica.

O evento, que reúne 133 cardeais de todo o mundo, começou com a missa “Pro Eligendo Pontifice”, celebrada na Basílica de São Pedro, a partir das 5h (horário de Brasília).

Este foi o último momento público antes do isolamento dos cardeais, que permanecerão confinados até a escolha do novo pontífice.

A missa “Pro Eligendo Pontifice” e a homilia do Cardeal Giovanni Battista Re

A missa foi presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, que, em sua homilia, refletiu sobre a importância do momento e a responsabilidade dos cardeais na escolha do novo papa.

Ele pediu a intervenção divina para que a Igreja fosse guiada por um pontífice capaz de iluminar as consciências em uma sociedade cada vez mais tecnológica e distante de Deus.

A homilia destacou também a oração pelo Espírito Santo, pedindo iluminação para os cardeais durante o conclave.

Raylson Araújo, especialista em Vaticano, falou para a CNN que este momento da homilia é significativo, pois pode dar pistas sobre as expectativas dos cardeais em relação ao próximo pontífice.

“Merece muita atenção esse momento da homilia, porque provavelmente vamos ter ali alguns apontamentos que podem nortear o processo de votação”, afirmou Araújo, destacando que esta é a última oportunidade para o público ter acesso a qualquer informação antes do isolamento completo dos eleitores.

Início formal do conclave e a entrada na Capela Sistina

Às 11h30 (horário de Brasília), os 133 cardeais eleitores com menos de 80 anos entraram na Capela Sistina, marcando o início formal do conclave.

A entrada dos cardeais na capela é acompanhada de um breve discurso e juramentos coletivos e individuais, nos quais os cardeais reafirmam seu compromisso com o sigilo e a seriedade do processo eleitoral.

Após o juramento, os cardeais iniciam a primeira votação, um rito que mistura oração e eleição.

Durante a votação, os cardeais escrevem o nome de seu candidato em uma cédula, que é dobrada e colocada em um cálice.

O rito é conduzido em um clima de reverência e silêncio, com a promessa de que o resultado será conhecido somente após a contagem dos votos.

A Capela Sistina: preparativos e sigilo absoluto

A Capela Sistina foi especialmente preparada para garantir o sigilo absoluto do processo.

Telhas especiais foram instaladas para bloquear sinais de celulares, filmes nas janelas impedem a visão externa, e um novo piso elevado facilita o deslocamento até o altar.

O ambiente também passou por varreduras rigorosas para garantir que não haja dispositivos de escuta ou câmeras escondidas, assegurando um ambiente de total privacidade e segurança.

O processo eleitoral é secreto, e os cardeais não podem votar em si mesmos. Após a contagem dos votos, o resultado é lido em público.

Se um cardeal receber dois terços dos votos, ele é declarado o novo papa. Caso contrário, uma fumaça preta será liberada pela chaminé da capela. A fumaça branca, por sua vez, indica que a eleição foi concluída com sucesso.

A primeira fumaça está prevista para sair da chaminé da Capela Sistina por volta das 14h (horário de Brasília).

Se não houver consenso sobre o novo papa, as votações continuam na quinta-feira, 8, com sessões previstas para 5h30, 7h, 12h30 e 14h.

Cada sessão de votação dura entre uma hora e uma hora e meia, com novas rodadas de votação nos dias seguintes, se necessário. Historicamente, dos últimos 11 conclaves, nenhum ultrapassou quatro dias.

A ordem de votação, nomes favoritos e diversidade dos candidatos

A ordem de votação já foi divulgada, com o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, sendo o primeiro a votar.

Na sequência vêm Fernando Filoni, Luis Antonio Tagle, Robert Prevost e Louis Sako. Entre os brasileiros, a ordem será: Odilo Scherer (14º), João Braz de Aviz (21º), Orani Tempesta (34º), Sérgio da Rocha (49º), Leonardo Ulrich Steiner (76º), Paulo Cezar Costa (82º) e Jaime Spengler (105º).

O conclave de 2025 é um dos mais diversos da história, reunindo cardeais de 71 países, abrangendo todos os continentes.

Entre os 133 cardeais eleitores, há representantes de 15 nações que participam pela primeira vez. Países como República Centro-Africana, Haiti, Malásia, Mianmar, Paraguai e Cingapura têm cardeais nativos pela primeira vez no conclave, evidenciando a crescente diversidade geográfica promovida pelo papa Francisco em seus anos de pontificado.

Especialistas e religiosos ainda apontam que não há consenso sobre quem deve suceder o papa Francisco.

Entre os nomes mais citados estão os cardeais Pietro Parolin, da Itália, e Luis Antonio Tagle, das Filipinas.

Leia também:

  • Três catarinenses vão participar da escolha do novo papa

No entanto, a diversidade geográfica deve desempenhar um papel significativo na escolha, com muitos acreditando que os cardeais eleitores considerarão a necessidade de um pontífice que represente adequadamente o hemisfério sul, que tem se mostrado cada vez mais relevante na Igreja Católica.

“Os cardeais provavelmente estarão considerando que precisamos continuar a diversificar e garantir que o hemisfério sul seja tão atendido quanto o resto do mundo”, afirmou o padre Edward Beck para a CNN.

A tradição do conclave: sigilo e oração

O ritual do conclave remonta ao século XIII e é marcado por tradição, oração e um sigilo absoluto.

O nome conclave vem do latim cum clavis, que significa “com chave”, referindo-se ao confinamento dos cardeais durante o processo eleitoral.

Até que o novo papa seja escolhido, os cardeais permanecem isolados, sem acesso à imprensa, mensagens ou qualquer forma de comunicação externa.

 

O post Conclave: Com mais de 130 cardeais, começa a escolha do novo papa apareceu primeiro em Misturebas News.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.