Médicas são indiciadas por homicídio após morte de recém-nascido em Aracruz

Pequeno Heitor é sepultado por familiares em Aracruz

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Duas médicas foram indiciadas pela Polícia Civil por homicídio culposo, por causa da morte de um recém-nascido no hospital São Camilo, em Aracruz, no Norte do Estado, no final do ano passado. A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCAI) de Aracruz concluiu o inquérito que apurou o caso, e o encaminhou ao Poder Judiciário.Os nomes das indiciadas, de 34 e 43 anos, não foram divulgados pela Polícia Civil. De acordo com a Polícia Civil, houve representação pela prisão das duas profissionais, por não haver requisitos para a decretação da prisão preventiva.O pequeno Heitor sofreu uma hemorragia e traumatismo craniano. Ele não resistiu e morreu no dia 28 de dezembro do ano passado, apenas um dia após nascer. Desde então, a família do recém-nascido acusa as médicas e o hospital de negligência. Em entrevista à reportagem da TV Tribuna/Band, no início de janeiro, a mãe da criança, Isabelly Rossi, contou que o médico que fez o seu pré-natal e a acompanhou ao longo de toda a gestação havia orientado que ela fizesse cesariana, pois ter o neném por parto normal representaria risco.

Isabelly conta que ficou cerca de 12 horas em trabalho de parto e que, só depois de todo esse tempo, as médicas optaram por fazer a cesárea

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A jovem conta que repassou essa orientação às médicas que realizaram o parto. No entanto, elas teriam ignorado a informação e optaram pelo parto normal.Isabelly conta que ficou cerca de 12 horas em trabalho de parto, mas não conseguiu colocar o bebê para fora. “A todo momento eu perguntava: ‘meu filho está bem, está indo bem o parto?’, e elas: ‘sim, está indo bem’. Mas meu filho não descia”.A equipe médica, então, teria decidido utilizar um instrumento, chamado fórceps obstétrico, para ajudar a tirar a criança.”Eu estava na maca e tinham duas médicas. Elas só olharam uma para a outra e falaram: ‘vamos ter que usar’. E eu perguntei: ‘usar o que?’. Aí ela falou: ‘é um aparelho que vai te ajudar a abrir, para o seu neném descer’. A minha única pergunta foi: ‘vai machucar meu filho?’, e ela falou que não. Perguntei se meu bebê estava descendo e ela falou que estava. Aí eu falei: ‘então vai de novo. Tira meu neném daí. Está há muito tempo'”, relatou a jovem.Segundo Isabelly, o procedimento não foi suficiente para fazer Heitor nascer e, depois de mais de 10 horas, as médicas optaram pela cesárea. “A médica que estava de frente para mim só abaixou a cabeça e falou: ‘desculpa, você não vai conseguir. Vamos para a cesárea’. A minha cesariana foi muito rápida, foram 20 minutos. Foi questão do pai do neném se arrumar, chegar na sala e o neném estar em cima de mim”.A mãe do recém-nascido disse que o filho ficou com a cabeça deformada, mas que a equipe do hospital teria tentado esconder dela o ocorrido. “Eles cortaram o cordão umbilical e eu só vi muita correria. E toda vez que colocavam ele em cima de mim, tampavam a cabeça do meu filho, para eu não ver a deformação que ele teve. Eu só vi a cabeça do meu filho deformada quando eles trouxeram ele para o quarto, gelado já. Morto”, lamenta.

Caso aconteceu no hospital São Camilo, em Aracruz

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Divulgação/ Prefeitura de Aracruz

Na época do ocorrido, o hospital São Camilo informou que a mãe do bebê chegou ao local em trabalho de parto e que, durante todo o processo, a equipe seguiu protocolos clínicos baseados nas melhores práticas da literatura médica, com o objetivo de garantir a segurança da mãe e do bebê.Ainda segundo o hospital, “após algumas horas de evolução no trabalho de parto, utilizando todos os recursos necessários e prerrogativas para o parto normal, a equipe observou a necessidade de intervenção e decidiu realizar uma cesariana”.

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