Tecnologia espacial impulsiona inovação em outros setores da economia

Projetos como o Microlançador Brasileiro (MLBR) mostram como a engenharia aeroespacial gera avanços que transformam o dia a dia das cidades e estimulam o desenvolvimento nacional

Embora muitas vezes pareça algo distante da vida cotidiana, o setor espacial está cada vez mais presente na rotina das pessoas e no desenvolvimento das cidades. Desde o uso de satélites para monitorar o clima, facilitar comunicações e apoiar a agricultura de precisão, até o papel essencial na gestão de desastres naturais e segurança nacional, a presença no espaço é fundamental para a qualidade de vida e o crescimento econômico.

O Brasil avança nessa direção com projetos como o Microlançador Brasileiro (MLBR), que pretende ampliar a capacidade nacional de colocar satélites em órbita com tecnologia própria. Um passo crucial para reduzir a dependência de lançadores estrangeiros e garantir que o país tenha autonomia em áreas estratégicas.

“Sem satélites, simplesmente não haveria GPS, internet banda larga em áreas remotas, previsão de tempo confiável, monitoramento de fronteiras ou vigilância ambiental eficiente”, explica Ralph Corrêa, diretor da CENIC Engenharia, empresa líder do projeto MLBR. “O foguete é o elo que leva esses satélites ao espaço. Sem lançadores próprios, ficamos vulneráveis, dependentes e limitados no uso de dados e serviços”, destaca.

Transbordamento tecnológico

Além dos satélites, as tecnologias desenvolvidas para a construção de foguetes e veículos espaciais têm aplicações diretas em outras áreas da economia, acelerando o desenvolvimento de inovações em setores como saúde, indústria, transporte e energia.

Um exemplo é o uso de fibras de carbono, materiais ultrarresistentes e leves empregados na construção do MLBR. Essa tecnologia, inicialmente pensada para suportar as condições extremas do lançamento espacial, pode ser aplicada na fabricação de aeronaves, automóveis mais econômicos, equipamentos médicos de alta performance, próteses ortopédicas mais leves e duráveis, além de estruturas civis de alta resistência.

Outro exemplo de tecnologia com potencial de aplicação para além do setor espacial é o Sistema de Navegação Inercial/GNSS (SNI), desenvolvido pela Concert Space e pela Horuseye Tech para o MLBR, utilizando a tecnologia MEMS (Micro-Electro-Mechanical Systems). Originalmente projetado para guiar veículos espaciais com alta precisão, o SNI pode ser adaptado para uso em aviões, drones e outros veículos, marítimos e terrestres, entre outras aplicações como plataformas marítimas e satélites, oferecendo soluções de navegação robustas mesmo em ambientes sem sinal de GPS. Isso amplia significativamente as possibilidades de uso da tecnologia em contextos civis e industriais.

Esse efeito de “transbordamento tecnológico” é um dos grandes legados do setor espacial para o conjunto da sociedade: ao estimular o desenvolvimento de materiais avançados, sistemas eletrônicos, softwares e métodos de engenharia, projetos espaciais criam oportunidades de inovação que vão muito além da exploração do espaço.

Com acesso independente ao espaço, o Brasil fortalece sua soberania tecnológica, gera empregos de alta qualificação e cria um ambiente mais favorável à inovação em setores estratégicos.

O Microlançador Brasileiro é, portanto, um marco para a independência tecnológica do Brasil no setor espacial. “Investir em projetos como o MLBR não representa apenas avançar no campo da engenharia aeroespacial, mas é um investir no futuro do país e na qualidade de vida da população brasileira”, finaliza Ralph. 

O MLBR é viabilizado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB). É desenvolvido por meio de um arranjo produtivo nacional, que integra empresas brasileiras de alta tecnologia, como: CENIC Engenharia, ETSYS, Concert Space, Delsis e Plasmahub, além de parceiras estratégicas como a BIZU Space, Fibraforte, Almeida’s e Horuseye Tech.

Sistema de Navegação Inercial/GNSS (SNI), desenvolvido pela Concert Space e pela Horuseye Tech para o MLBR, utilizando a tecnologia MEMS (Micro-Electro-Mechanical Systems). Originalmente projetado para guiar veículos espaciais com alta precisão.

Fibras de carbono, materiais ultrarresistentes e leves empregados na construção do MLBR.

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