‘Consciência Limpa’ vai a São Paulo entender como o lixo de Manaus pode virar energia limpa com biometano


Equipe da Fundação Rede Amazônica viajou até São Paulo para conhecer a maior usina de biometano da América Latina, instalada no aterro sanitário de Caieiras. Energia limpa com uso de biometano
Divulgação
O projeto Consciência Limpa, da Fundação Rede Amazônica, foi convidado a acompanhar de perto a jornada de sustentabilidade de uma empresa do setor de transportes. A iniciativa, que visa reduzir os impactos ambientais do setor — responsável por cerca de 14% das emissões de gases poluentes — foi destaque em uma reportagem exibida no último domingo (13), durante o Amazônia Agro.
Em Manaus, o volume de resíduos gerados é alarmante. Agentes de limpeza urbana recolhem diariamente centenas de sacos de lixo, que, em média, somam 2.500 caminhões de resíduos. Esses materiais são encaminhados para o Aterro Sanitário Municipal, que já está próximo do limite de capacidade.
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Diante desse cenário, uma solução sustentável começa a se destacar: o biometano, combustível renovável produzido a partir de lixo orgânico, que pode transformar resíduos em energia limpa e contribuir para a redução das emissões de gases poluentes.
A equipe da Fundação Rede Amazônica viajou até São Paulo para conhecer a maior usina de biometano da América Latina, instalada no aterro sanitário de Caieiras. Lá, toneladas de restos de comida, cascas de frutas e outros resíduos passam por um processo de transformação, resultando em energia limpa.
“O biometano tem uma importância enorme no processo de descarbonização do Brasil. Ele permite uma transição energética justa, convertendo resíduos em combustível, utilizado tanto na indústria quanto no transporte de frotas pesadas”, destacou Erick Trench, diretor de gases renováveis.
Além de contribuir com a redução das emissões, o biometano também é um aliado no combate às emissões do setor de transportes, que representa uma grande parte da poluição no Brasil. A tecnologia permite capturar o gás gerado nos aterros sanitários, purificá-lo e transformá-lo em combustível para caminhões, ônibus e até processos industriais.
Em São Bernardo do Campo, uma montadora já investe no uso do biometano como alternativa para reduzir seu impacto ambiental. Desde 2016, a empresa investe em caminhões movidos a biometano e eletricidade, com o objetivo de descarbonizar o setor de transporte e logística.
“Investimos R$ 4 bilhões de 2017 a 2024, e até 2028 serão mais R$ 2 bilhões voltados à inovação tecnológica e à produção de veículos mais limpos”, afirmou Christopher Podgorski, CEO da Scania para a América Latina.
Manaus, que conta com uma frota de mais de 590 mil automóveis, além de motocicletas, caminhões e ônibus, também enfrenta o desafio da poluição causada pelo transporte.
“A frota veicular extensa contribui significativamente para a poluição e para a emissão de gases poluentes”, afirmou o meteorologista Leonardo Vergasta, da Universidade do Estado do Amazonas.
A mudança, no entanto, já está em andamento. O biometano pode reduzir até 90% das emissões de carbono quando comparado aos combustíveis fósseis. Em São Paulo, a utilização desse combustível renovável tem mostrado resultados positivos, contribuindo para a redução de mais de 12 milhões de toneladas de gases poluentes por ano.
O Amazonas está investindo em sua primeira usina de biometano, com um projeto orçado em mais de R$ 150 milhões. A expectativa é que a planta tenha a capacidade de transformar até 70% dos resíduos orgânicos do estado em biometano, suficiente para abastecer cerca de 170 mil residências e indústrias na capital.
“Nos primeiros anos, a usina produzirá biometano com capacidade comercial, o que pode reduzir até 95% dos gases de efeito estufa”, explicou Hugo Nery, diretor-presidente da Marquise Ambiental.
Com essa tecnologia, o Amazonas vislumbra uma nova matriz energética mais limpa, além de abrir portas para novos investimentos em inovação e sustentabilidade, com potencial para transformar a região e o Brasil em um modelo global de economia circular.
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