Focus: câmbio e inflação mantêm Copom cauteloso, segundo economista

O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (19), revelou leve redução na projeção do IPCA para 2025, que passou de 5,51% para 5,50%, mantendo a expectativa acima do centro da meta de 3%. Para os próximos anos, a previsão segue estável em 4,50% para 2026, 4,00% para 2027 e 3,80% em 2028.

Apesar da sinalização positiva no curto prazo, a inflação suavizada em 12 meses continua pressionada, com projeção de 4,91%, uma indicação de que o mercado ainda vê risco inflacionário estrutural no horizonte, especialmente diante das incertezas fiscais e cambiais.

Selic permanece em 14,75% e mercado aguarda postura do Copom

Com a inflação administrada cedendo e o dólar sob controle, os analistas reforçam a leitura de que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá a Selic estável até o fim de 2025. O Boletim Focus, divulgado nesta sexta-feira (17), mostrou manutenção da taxa básica de juros em 14,75% para este ano e queda progressiva nos anos seguintes, com expectativa de 12,50% em 2026.

Na avaliação do economista Maykon Douglas, a projeção atual da Selic reflete a combinação de um cenário externo mais previsível e riscos internos mais visíveis — com destaque para a trajetória das contas públicas.

Dólar continua acima de R$ 5,80 em todas as janelas e PIB é ajustado para cima

As projeções de câmbio também foram revisadas para baixo, mas de forma discreta. A cotação esperada para o dólar em 2025 caiu de R$ 5,85 para R$ 5,82, enquanto as previsões para junho e julho permanecem em torno de R$ 5,75. Mesmo com o alívio recente, o patamar elevado reflete o ambiente de incerteza política e fiscal.

O dólar, que tem operado próximo de R$ 5,70, reduziu a pressão sobre os preços monitorados e contribuiu para um cenário mais favorável ao controle inflacionário.

Para Maykon Douglas, a leitura do mercado é de que a tendência de um câmbio mais comportado deverá se manter até o fim do ano. “Os modelos de previsão com que trabalho apontam, na média, para um câmbio em R$ 5,70 no fim de 2025, ou seja, praticamente estável em relação ao patamar atual”, afirmou.

Expectativas fiscais seguem deterioradas

Apesar do alívio cambial, o risco fiscal doméstico vem ganhando espaço no radar dos investidores e pode se tornar o principal vetor de incerteza no segundo semestre. Para Maykon Douglas, esse risco “voltou a fazer preço na semana passada” e pode comprometer parte do cenário benigno atual, caso o governo amplie medidas populistas com impacto relevante nas contas públicas.

O alerta se soma a projeções negativas no Focus para o resultado primário em 2025, estimado em -0,60% do PIB, além da dívida líquida, que pode ultrapassar 65,8% do PIB ainda este ano.

PIB surpreende positivamente com agro e serviços às famílias

Um dos pontos de destaque do Focus foi a revisão para cima na projeção do PIB de 2025, que passou de 2,00% para 2,02%. Para Maykon Douglas, os dados recentes mostram uma atividade econômica mais aquecida do que o esperado, especialmente impulsionada pelo setor agropecuário e pelos serviços às famílias, que cresceram acima das expectativas.

O agro já vinha surpreendendo, como venho apontando há algum tempo. Mas, na semana passada, os dados de serviços às famílias mostraram alta expressiva, o que tende a beneficiar o PIB, dado o seu elevado peso no componente de consumo das famílias”, destacou.

Perspectivas para o segundo semestre

Com as projeções do mercado ajustadas para cima no PIB e mais equilibradas no câmbio e na inflação, os economistas avaliam que o segundo semestre deve seguir com monitoramento atento ao risco fiscal e à condução da política monetária. O otimismo com a atividade pode ser limitado caso novas medidas do governo ampliem a percepção de fragilidade nas contas públicas.

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