MP decide arquivar inquérito que investigou se prefeitura teria barrado enredos sobre negros e LGBTQIA+ para apoiar Carnaval em Canoas


Escolas de samba alegavam que exigência teria sido imposta em reunião, mas depoimentos de testemunhas à polícia foram “conflitantes e contraditórios entre si”, de acordo com o Ministério Público. Sem indícios suficientes de provas, caso será encerrado. Desfile de escola de samba durante o Carnaval de 2024 em Canoas
Renan Caumo/PMC
O Ministério Público (MP) opinou pelo arquivamento por não encontrar indícios de autoria do secretário de Cultura de Canoas, Wolmar Pinheiro Neto, investigado por supostamente impor como condição para liberar espaço para os desfiles de Carnaval não fazer “enredos sobre temas de religiões de matriz africana, negros e comunidade LGBTQIA+”.
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Conforme o promotor Rodrigo Berger Sander, “não há indícios suficientes da autoria delitiva de Wolmar”.
“Muito embora os fatos tenham ocorrido durante uma reunião com demais pessoas, os depoimentos prestados pelas testemunhas na fase policial são conflitantes e contraditórios entre si, não sendo possível extrair se o investigado, de fato, proferiu falas preconceituosas e intolerantes”, disse.
Com isso, a investigação deve ser encerrada.
O caso havia sido registrado na Polícia Civil pela Associação das Escolas de Samba de Canoas. O inquérito foi concluído sem indiciamento.
Ao g1, Daniel Scott, vice-presidente e diretor de Carnaval da Associação das Escolas de Samba de Canoas (AESC), disse que na próxima semana as escolas se reunirão para discutir o tema. “Infelizmente, somos forçados ao diálogo já que precisamos projetar o Carnaval de 2026 em Canoas”, disse.
Relembre
Em fevereiro deste ano, a AESC afirmou que a condição teria sido imposta durante uma reunião no gabinete da Secretário Municipal de Cultura e Turismo dias após a posse do prefeito eleito.
Segundo Daniel Scott, a reunião em que houve a suposta exigência do secretário de Cultura ocorreu para tratar, inicialmente, sobre o financiamento dos desfiles.
O secretário Wolmar Pinheiro Neto negou que tivesse imposto a condição, sinalizando que não seria possível destinar recursos públicos “devido às necessidades urgentes de investimentos na área da saúde”. Após isso, em entrevista a um portal de notícias local, ele afirmou que Canoas não teria desfiles em 2025 na cidade.
Scott diz que, depois da entrevista, voltou a entrar em contato com a prefeitura para solicitar que um espaço da cidade fosse cedido para a realização dos desfiles, mesmo que não houvesse financiamento da prefeitura, o que acabou acontecendo: foi cedido o Parque Esportivo Eduardo Gomes”.
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