Países da OTAN concordam com amplo programa de rearmamento

Ministros de países da aliança militar definem estratégia para fortalecer fronteira leste da Europa diante de ameaças da Rússia. Reunião também discutiu elevar gastos em defesa para 5% do PIB.

(DW) Ministros da Defesa de países da OTAN reunidos em Bruxelas nesta quinta-feira (05/06) concordaram em adotar o maior programa de rearmamento da aliança militar em décadas, voltado especialmente para fortalecer a segurança da fronteira leste da Europa diante da ameaça crescente oferecida pela Rússia.

O programa prevê a ampliação das capacidades de defesa e dissuasão, incluindo sistemas de armas, defesa aérea e de batalhões móveis, segundo fontes relataram às agências de notícia AFP e dpa.

Os detalhes não foram divulgados, mas o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, estimou que o programa exigiria a inclusão de “cerca de 50 mil a 60 mil” novos soldados na Bundeswehr, as Forças Armadas da Alemanha.

O ministro da Defesa da Holanda, Ruben Brekelmans, disse que o novo programa exigiria que seu país elevasse o gasto em defesa dos atuais 2% do PIB (Produto Interno Bruto) para 3,5%, o que equivale a cerca de 16 bilhões a 19 bilhões de euros por ano a mais em despesas militares.

Debate sobre novo patamar de gastos militares

A meta de 3,5% do PIB em gastos militares citada por Brekelmans é a mesma que vem sendo defendida pelo secretário-geral da OTAN, o ex-premiê holandês Mark Rutte. O assunto será discutido em uma cúpula da aliança militar nos dias 24 e 25 de junho. 

Atualmente, a meta da OTAN estipulada para seus países-membros é de 2% do PIB.

Rutte quer que os 32 países da OTAN se comprometam a alcançar o patamar de 3,5% do PIB com gastos militares até 2032, e outros 1,5% do PIB com gastos de infraestrutura e serviços que poderiam ser eventualmente utilizados para fins militares, como pontes e ferrovias.

Alguns diplomatas relataram à agência de notícias AFP que Rutte parece bem posicionado para aprovar a nova meta de gastos militares na cúpula do final de junho, apesar da relutância de alguns países, notadamente Espanha e Itália.

A ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, no entanto disse que seu país não vetaria um eventual acordo nesse sentido, mesmo que seja contra o estabelecimento de um “percentual fixo”.

Apenas alguns poucos países do Leste Europeu, como a Polônia e os países bálticos, estão a caminho de alcançar 5% de gastos do PIB em defesa.

Em maio, o ministro do Exterior alemão, Johann Wadepuhl, sinalizou que Berlim concordaria com a ampliação dos gastos militares proposta por Rutte, um dia depois de o chanceler federal alemão, Friedrich Merz, afirmar que o país terá “as Forças Armadas mais fortes da Europa”.

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Pressão da Casa Branca

A soma das duas rubricas de gastos propostas por Rutte equivale a 5% do PIB, percentual defendido pelo presidente americano, Donald Trump, que desde o seu primeiro mandato na Casa Branca vem pressionando os países europeus a elevarem seus gastos em defesa.

A mensagem foi levada à reunião da OTAN em Bruxelas pelo secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth. “Esta aliança, acreditamos, em algumas semanas, irá se comprometer com 5% – 3,5% para [gastos] militares estritos e 1,5% para infraestrutura e atividades relacionadas à defesa”, afirmou ele nesta quinta-feira.

Em fevereiro, Hegseth chegou a ameaçar retirar parte dos militares americanos hoje estacionados na Europa, para focar no que a Casa Branca considera como outras ameaças prioritárias, como a China – uma declaração que gerou alarme entre líderes europeus.

Nesta quinta-feira, Hegseth evitou antecipar uma decisão a respeito. “Garantiremos que vamos nos redirecionar para o Indo-Pacífico e restabelecer dissuasão lá, e então vamos aumentar a divisão de responsabilidades pelo mundo (…). Os EUA não podem estar em todos os lugares em todos os momentos, nem deveríamos estar”, afirmou.

O presidente do Conselho Europeu, o português António Costa, resumiu a questão durante o encontro. “Os Estados Unidos decidiram legitimamente que têm novas prioridades estratégicas e precisamos chegar a um acordo com os Estados Unidos sobre como, ao longo dos próximos anos, podemos redistribuir os custos da defesa europeia da forma mais justa e efetiva possível, com uma preocupação muito importante: nunca, nunca, nunca minar o efeito de dissuasão do artigo 5 do Tratado da OTAN”, afirmou.

O referido artigo estabelece o princípio da defesa mútua, segundo o qual um ataque a um dos países-membros é considerado um ataque contra todos os países da aliança.

bl (AFP, Reuters, ots)

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