Nova regra do IOF ameaça viabilidade da previdência privada no Brasil

A nova regra do IOF estabelecida pelo governo federal tem causado apreensão no mercado financeiro. O imposto de 5% incide sobre qualquer aporte superior a R$ 50 mil em planos de previdência como o VGBL — e não apenas sobre o valor que excede esse limite. Segundo Fernando Brito, do Grupo Maldivas, a medida atinge até mesmo investidores esporádicos que decidem aplicar uma quantia maior em momentos pontuais, como após uma rescisão trabalhista.

O impacto é amplo. Quem aplica R$ 51 mil já paga IOF sobre todo o valor, não só sobre o que ultrapassa os R$ 50 mil”, explicou Brito.

Sistema financeiro não está preparado para a novo IOF

Um dos principais problemas apontados por Brito é a falta de infraestrutura no setor para operacionalizar a cobrança do IOF. Segundo ele, hoje não existe um sistema que permita às seguradoras ou bancos identificar e calcular adequadamente os valores devidos nem emitir os DARFs correspondentes.

Não há comunicação entre instituições para saber se a pessoa aplicou mais de R$ 50 mil no mês em diferentes lugares. O sistema simplesmente não está pronto”, afirmou.

Previdência perde atratividade com novo IOF e seguradoras retiram produtos do mercado

Com a nova taxação, a atratividade da previdência privada como instrumento de sucessão e acumulação de patrimônio de longo prazo fica comprometida. Algumas seguradoras já começaram a suspender a oferta de produtos com cláusulas de sobrevivência, que também passaram a ser tributados.

O IOF virou um ‘carregamento de entrada’ semelhante ao que existia há 10 anos, só que agora a margem vai para o governo, não para o banco”, comparou Brito.

Para quem deseja aplicar valores elevados visando planejamento sucessório, outras opções começam a ganhar espaço. Brito destacou que fundos de investimento tradicionais ou seguros de vida vitalícios, que também não entram no inventário, podem se tornar escolhas mais racionais neste novo cenário.

O IOF pode ser até mais caro que o ITCMD, que em São Paulo é de 4%. A pessoa pode optar por um seguro de vida sem resgate, que sai mais barato e atende ao mesmo objetivo”, explicou.

IOF no radar: estratégia deve considerar fracionamento de aportes

Para os investidores que ainda veem valor na previdência privada, uma das alternativas apontadas por Brito é o fracionamento dos aportes ao longo dos meses para não ultrapassar o limite de R$ 50 mil mensais e evitar a cobrança do IOF.

Não adianta dividir os R$ 200 mil entre quatro bancos diferentes no mesmo mês. O que vale é o total mensal aportado, independentemente da instituição”, alertou.

Diante da insegurança jurídica e operacional, Brito recomenda cautela até que haja uma sinalização mais clara do governo ou adequação sistêmica por parte das seguradoras.

O mais importante é o investidor entender seu objetivo e buscar ajuda de um assessor de confiança para definir a melhor estratégia de acordo com o perfil e valor disponível”, concluiu.

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