Inteligência artificial contra o mosquito da dengue: conheça o Arbocarto

A luta contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como dengue, chikungunya e zika vírus, tem sido um desafio persistente para pesquisadores e autoridades de saúde ao redor do mundo, e esta luta ganha mais uma aliada a tecnologia. Recentemente, o Observatório de Clima e Saúde iniciou a implementação de uma solução inovadora desenvolvida na França: o Arbocarto. Essa ferramenta tem o potencial de revolucionar o combate a essas doenças através do mapeamento detalhado da densidade populacional do mosquito.

No Brasil, as estratégias de prevenção costumam se basear na ocorrência das doenças, mas o Arbocarto propõe um enfoque diferente ao avaliar diretamente o vetor de transmissão. Essa abordagem é destacada por Christovam Barcellos, coordenador do Observatório, como essencial para prever surtos de arboviroses antes que eles ocorram. A ferramenta, desenvolvida pelo Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), oferece mapeamento em tempo real e simulação de ações de controle, proporcionando diretrizes mais eficazes para medidas preventivas.

Como o Arbocarto Auxilia no Combate às Arboviroses?

A chegada do Arbocarto no Brasil em novembro, acompanhada de um curso de capacitação oferecido por Marie Demarchi, engenheira de geoprocessamento, representa um avanço significativo. Durante o treinamento, realizado na Fiocruz, profissionais da saúde foram introduzidos às funcionalidades da ferramenta e sua adaptação às distintas realidades locais.

Pedro Galdino de Souza, trabalhador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, destaca a importância do Arbocarto para o monitoramento da distribuição geoespacial das arboviroses em regiões críticas como a tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. A ferramenta possibilita uma análise detalhada das áreas mais afetadas, permitindo a implementação de ações preventivas direcionadas.

Qual É o Impacto Esperado no Sistema Único de Saúde?

Com a implementação do Arbocarto, espera-se uma otimização considerável dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). A ferramenta já foi testada em algumas cidades brasileiras e em regiões transfronteiriças, como a Guiana Francesa, e está pronta para ser utilizada em maior escala. Emmanuel Roux, representante do IRD, considera o Arbocarto uma valiosa aliada em áreas com alto índice de arboviroses devido à sua capacidade de produzir dados públicos úteis para a vigilância entomológica.

Além disso, o sistema permite que as autoridades direcionem suas ações de forma estratégica, melhorando a alocação de recursos ao identificar os locais mais críticos para o desenvolvimento do Aedes aegypti. Essa abordagem pode ser particularmente vantajosa em áreas indígenas, onde se espera a integração total da ferramenta no planejamento estratégico de controle de vetores.

Desafios e Oportunidades Futuros

Mosquito Aedes aegypti – Créditos: depositphotos.com / taciophilip

O cenário brasileiro de arboviroses apresenta desafios significativos. Em 2024, mais de 6,5 milhões de casos prováveis de dengue foram registrados, um aumento de 400% em relação ao ano anterior, com cerca de 5.800 mortes confirmadas pela doença. Esses números ilustram a urgência em adotar ferramentas inovadoras como o Arbocarto.

Por outro lado, a ferramenta oferece oportunidades únicas de melhorar a efetividade das estratégias de combate ao mosquito. Ao concentrar esforços na prevenção em nível local, é possível reduzir significativamente os impactos das arboviroses nas populações mais vulneráveis. Dessa forma, o Arbocarto não apenas representa uma inovação tecnológica, mas também um passo importante no fortalecimento das políticas de saúde pública no Brasil.

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