Ainda sobre a tentativa de golpe

O fato é que recentemente representantes das Forças Armadas teriam pedido formalmente à Lula que anistiasse os militares indiciadosReprodução: Flipar

Já comentamos que o processo judicial envolvendo a tentativa de golpe — processo que nem se instaurou ainda — tem ainda uma boa caminhada pela frente. Nada se resolverá rapidamente ou num horizonte próximo.

Há, contudo, um outro lado nesta questão, e tão importante ou até mais importante do que a esfera judicial, que é o lado político. De fato, estamos mencionando duas linguagens ou códigos distintos. O tempo do processo judicial é naturalmente (bem) mais lento do que o tempo político, e as linguagens também são bem distintas. Se na esfera judicial impera o formalismo nos atos, procedimentos e termos, na política temos um campo mais ligado à informalidade, mais dinâmico e com uma influência muito forte da opinião pública e da imprensa.

O fato é que recentemente representantes das Forças Armadas teriam pedido formalmente à Lula que anistiasse os militares indiciados e aliviasse os cortes nos benefícios da categoria. À primeira vista, o pedido pode soar absurdo, mas uma leitura mais atenta pode mostrar outros aspectos.

Em política, todo pedido atendido gera um vínculo obrigatório de reciprocidade em relação a quem tem seu interesse atendido. Assim, se Lula atender a solicitação dos militares, os tornará seus devedores no campo político. E isso pode significar apoio nas eleições de 2026, ou mesmo uma postura de neutralidade, o que já seria um ganho.

Assim, em tempos de retração da esquerda — basta lembrar os recentes resultados das eleições municipais deste ano — o caso da tentativa de golpe pode se tornar um ativo político com potencias benefícios para Lula, PT e a esquerda em geral.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse www.institutoconviccao.com.br

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