Ministro Haddad saí enfraquecido e mercado perde a confiança em Lula 3

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, perdeu força política após o anúncio do pacote fiscal apresentado pelo governo. Apesar de ser visto como a voz da racionalidade econômica dentro da gestão Lula, Haddad enfrentou derrotas estratégicas significativas, como a inclusão da isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas que ganham até R$ 5.000.

De acordo com Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos, essa medida foi uma decisão política imposta pelo presidente Lula, o que enfraqueceu ainda mais a posição de Haddad. “O ministro tentou segurar a inclusão da isenção, mas foi derrotado pela ala política. Ele não tem mandato para implementar mudanças estruturais que realmente impactem positivamente as contas públicas”, avaliou.

O pacote fiscal, que deveria sinalizar austeridade e controle das despesas, foi percebido pelo mercado como frouxo e inadequado. Isso não apenas aumentou o ceticismo dos investidores, mas também evidenciou a falta de autonomia de Haddad em liderar uma agenda econômica robusta e confiável.

Mercado reage com pessimismo: credibilidade em xeque

A reação negativa do mercado foi imediata. O dólar ultrapassou R$ 6 e os juros futuros dispararam, refletindo a descrença dos investidores na capacidade do governo de cumprir a promessa de economizar R$ 70 bilhões até 2026.

O economista destacou que o mercado não confia mais em projeções do governo, que frequentemente superestimam receitas e subestimam despesas. Ele também apontou falhas graves de transparência, como a falta de divulgação atualizada dos dados da Previdência Social, que tornam impossível medir os reais impactos das medidas anunciadas.

“O governo perdeu completamente a credibilidade. Para reconquistar o mercado, será necessário um choque de confiança, com medidas realmente estruturais que mostrem compromisso com a responsabilidade fiscal”, afirmou Barros durante entrevista ao programa Strike, apresentado por Paula Moraes.

Para Gabriel Barros, o arcabouço fiscal brasileiro é uma das principais fragilidades da política econômica atual. Ele criticou o modelo por ser inconsistente e incapaz de controlar o avanço da dívida pública, que deve crescer cerca de 10 pontos percentuais até o final do mandato.

“Essa regra fiscal não tem paralelo no mundo. É uma jabuticaba brasileira, cheia de falhas no desenho e que reforça a rigidez orçamentária em vez de corrigi-la. Hoje, 95% das despesas públicas são engessadas, deixando quase nenhuma margem de manobra para ajustes”, explicou.

Barros apontou que o arcabouço não foi capaz de limitar o crescimento das despesas obrigatórias, como Previdência, saúde e educação, nem de criar espaço para investimentos ou ajustes emergenciais. Além disso, a decisão de vincular os pisos constitucionais à receita torna o orçamento ainda mais inflexível, agravando o problema fiscal do país.

Risco de dominância fiscal: política monetária sob pressão

O economista também alertou sobre o risco de o Brasil entrar em um cenário de dominância fiscal, onde a desorganização das contas públicas compromete a eficácia da política monetária.

“Com uma política fiscal expansionista, o Banco Central fica isolado na missão de controlar a inflação. Isso reduz a eficácia da taxa de juros e pode levar a um aumento ainda maior do custo da dívida pública”, disse Barros.

Ele destacou que a composição da dívida pública também está se deteriorando, com um aumento da emissão de títulos de curto prazo e indexados à inflação. Esse movimento aumenta a vulnerabilidade do país a choques externos e pressiona ainda mais o câmbio e a inflação.

Barros defendeu que o governo precisa repensar suas políticas sociais para torná-las mais eficientes e focadas. Ele citou o exemplo do Bolsa Família no primeiro mandato de Lula, que foi resultado de uma fusão de programas sociais e era muito mais bem estruturado e econômico do que o modelo atual.

“Hoje, temos uma execução descentralizada e ineficiente das políticas sociais, que consomem muitos recursos sem entregar os resultados esperados. Uma nova fusão de programas poderia gerar grandes economias sem prejudicar os beneficiários”, sugeriu.

O economista lamentou que discussões sobre eficiência em programas sociais sejam frequentemente interrompidas por motivos ideológicos. Para ele, é essencial que o governo recupere o pragmatismo do passado e priorize reformas que tenham impacto positivo nas contas públicas.

Conclusão: um futuro fiscal incerto e desafiador

O pacote fiscal apresentado pelo governo não trouxe as respostas que o mercado esperava. Pelo contrário, reforçou o ceticismo sobre a capacidade do governo de implementar políticas econômicas responsáveis.

O enfraquecimento de Haddad, a falta de credibilidade do arcabouço fiscal e a ausência de reformas estruturais deixam o país em uma posição delicada. Para Gabriel Barros, a única solução é adotar medidas profundas e estruturais, como desvincular despesas, desindexar benefícios e rever as políticas sociais.

“Sem essas mudanças, continuaremos em um ciclo de deterioração fiscal, com impactos severos para a economia e a população. É hora de o governo mostrar vontade política e agir com responsabilidade”, concluiu.

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