Vozes que inspiram Coral a superar o preconceito

Integrantes do Coral com o professor Thomas Davison e a diretora-geral do DIO/ES, Sandra Shirley (à direita)

|  Foto:
Fábio Nunes/AT

“Parece que a gente vive num mundo escuro e, quando a gente começa a cantar, parece que a gente esquece que não enxerga, parece que entra em outro universo”. É assim que Melissa Cássia de Jesus, de 43 anos, explica a sensação de participar do Coral Vozes que inspiram.Primeiro projeto de responsabilidade social lançado pela Imprensa Oficial do Espírito Santo (DIO/ES), o Coral vai realizar seu primeiro concerto no dia 13 de dezembro (na próxima sexta-feira), na União de Cegos Dom Pedro II (Unicep-ES), em Vila Velha, em comemoração ao Dia Nacional dos Deficientes Visuais.Para Melissa, que perdeu a visão há cinco anos por causa do diabetes, o Coral é uma oportunidade de se reunir com outras pessoas e fazer parte de um grupo maior.

Melissa Cássia descreve a sua emoção: “Parece que a gente esquece que não enxerga, parece que entra em outro universo”

|  Foto:
Acervo pessoal

Diretora-geral do DIO/ES, Sandra Shirley de Almeida conduz o projeto em parceria com a União de Cegos Dom Pedro II (Unicep).“Foram três meses que acabam agora, no dia 13, com a apresentação. É um sonho realizado. Acredito que é uma responsabilidade social das empresas fazer com que seus funcionários doem um pouco de si para o outro que precisa. E escolhemos bem, fico satisfeita de vê-los empolgadíssimos”, disse.Os ensaios começaram há três meses, em outubro. É aí que entrou Thomas Davison. Responsável por ensinar os alunos do projeto a cantar, ele está desenvolvendo uma metodologia que adapta as necessidades de portadores de deficiência visual.Desafios

“Um dos maiores desafios foi fazê-los descobrir que tem potencial para cantar. A primeira barreira foi quebrar essa desconfiança deles mesmos. O segundo foi ensinar a cantar junto, porque pessoas cegas não costumam andar em comunidade”, diz Thomas Davison, que é especialista em canto popular.Segundo Thomas, o primeiro benefício trazido pelo projeto é o desenvolvimento de habilidades musicais. Mas, o principal é o senso de pertencimento à sociedade.“Essas pessoas são muito capazes e potentes. A sociedade precisa entender que eles podem e devem ser incluídos em todos os setores”. E completa: “São vozes que acabam inspirando outras pessoas a descobrirem que é possível. Que quando se quer, há um caminho”.
Voz presente!“Momento que está fazendo a diferença”

Rogério Souza da Silva, de 53 anos

|  Foto:
Acervo pessoal

O aposentado Rogério Souza da Silva, de 53 anos, é um dos integrantes do Coral Vozes que Inspiram. Deficiente visual há 30 anos, ele não tem palavras para descrever o que a música significa na sua vida. Por isso, diz que participar do Coral tem sido um momento maravilhoso que está fazendo diferença na sua vida e de seus colegas.“O projeto é diferenciado. A gente não enxerga, mas mostramos para a sociedade que temos voz e vez”.Saiba maisApresentaçãoO Coral Vozes que Inspiram vai realizar sua primeira apresentação no dia 13 de dezembro, às 13 horas, na União de Cegos Dom Pedro II (Unicep-ES), em Vila Velha.O concerto não será aberto ao público. Nessa primeira vez, apenas alunos da Unicep, familiares e servidores do DIO/ES poderão participar.O projeto está sendo lançado pela Imprensa Oficial do Espírito Santo (DIO/ES) em parceria com a União de Cegos Dom Pedro II.O inicioTudo começou em fevereiro deste ano, explica a diretora Sandra Shirley de Almeida. Ela conta que, ao final do planejamento do DIO/ES, a equipe decidiu que faltava algo: um projeto para se doar.A escolha pela categoria das pessoas portadoras de deficiência visual ocorreu por entenderem que havia um menor número de trabalhos sociais destinados a esse público.A decisão de escolher o que seria feito ficou por conta dos deficientes visuais. A Unicep realizou levantamento entre seus assistidos. Eles decidiram que queriam aprender a cantar. O DIO/ES topou com empolgação e passou a elaborar o projeto.A diferençaPara tornar o Coral realidade, o DIO/ES encontrou um vídeo da Orquestra Brasileira de Cantores Cegos, que os levou a seu maestro, o professor Thomas Davison.Ele explica que a condução de pessoas portadores de deficiência visual precisa de uma metodologia diferente, pois a forma como eles compreendem a música é diferente, como ritmo, tonalidade e afinação.BenefíciosA Unicep explica que os deficientes visuais têm, atualmente, um convívio social escasso. Além disso, existem poucos espaços que trabalham com esse público. Por isso, o projeto traz vários benefícios, como: melhora na comunicação, autoestima e participação. Além disso, é um momento que favorece amizade e trocas.Fonte: Especialistas consultados na reportagem.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.