
O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou, por unanimidade, a elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual, passando de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão, divulgada na última reunião, reflete um cenário mais adverso para a inflação, impulsionado pela desvalorização cambial, o dinamismo da atividade econômica e a desancoragem das expectativas para 2024 e 2025.
O Banco Central também sinalizou ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões, caso o cenário projetado se confirme. A postura mais rígida busca convergir a inflação para a meta, em um contexto marcado por pressões internas e externas.
Principais fatores que influenciaram a decisão do Copom
Cenário doméstico:
- Inflação corrente e inflação de serviços acima da meta, refletindo um mercado de trabalho aquecido e demanda interna elevada.
- O PIB do terceiro trimestre mostrou dinamismo além do esperado, com forte crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo.
- A combinação de política fiscal expansionista e crédito amplo tem atenuado os impactos da política monetária contracionista.
Expectativas de inflação:
- As projeções de inflação para 2024 e 2025 aumentaram para 4,9% e 4,5%, respectivamente.
- A desancoragem das expectativas preocupa o Comitê, que vê a necessidade de ação mais firme para restaurar a credibilidade da política monetária.
Taxa de câmbio:
- A depreciação do real contribui para o aumento dos preços de bens industrializados e margens, com maior impacto sobre a inflação nos próximos meses.
- O Comitê ressaltou que o repasse cambial tende a ser mais intenso quando há demanda aquecida e expectativas desancoradas.
Mercado global:
- A incerteza sobre o ritmo de desinflação nos Estados Unidos e a possibilidade de estímulos fiscais adicionais tornam o ambiente externo mais desafiador.
- O cenário-base do Copom continua sendo de desaceleração gradual da economia americana, mas a volatilidade cambial exige cautela adicional.
Comunicação e perspectivas futuras
O Copom reiterou seu compromisso com a estabilidade de preços, afirmando que a magnitude total do ciclo de alta dependerá da evolução de:
- Dinâmica da inflação, especialmente de serviços.
- Projeções e expectativas de inflação.
- Hiato do produto (diferença entre o PIB real e o potencial).
- Balanço de riscos, com destaque para a desancoragem inflacionária e a política fiscal expansionista.
A decisão de endurecer a política monetária, mesmo em meio ao dinamismo econômico, reforça a postura do Banco Central para conter a inflação. O Comitê destacou a importância de harmonia entre políticas fiscal e monetária, alertando que uma abordagem expansionista pode dificultar a convergência da inflação à meta.
Opinião
Maykon Douglas, economista, avaliou que a ata do Copom confirmou a deterioração generalizada do cenário econômico, com piora no câmbio, desancoragem das expectativas de inflação e intensificação das pressões inflacionárias em bens industriais, serviços e proteínas. Para ele, a revisão do juro real neutro para 5,0% era esperada e acredita que o nível terminal da Selic pode ultrapassar os 15% ao ano em 2024, caso a deterioração das condições atuais persista, sendo essencial um choque de credibilidade para reancorar as expectativas e conter a inflação.
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