Presidente da Câmara de Boa Vista e subcomandante da PM são presos pela PF por suspeita de apoio do tráfico para eleições


Vereador Genilson Costa (Republicanos) foi preso junto com o coronel Francisco das Chagas Lisboa, subcomandante da Polícia Militar (PM), por esquema de compra de votos com dinheiro de tráfico. Operação Martellus foi deflagrada menos de uma dia após o vereador ser diplomado. Genilson Costa (Republicanos) e o subcomandante da PM em Roraima, Francisco Lisboa
Samantha Rufino/g1 RR e Reprodução/Instagram/francisco_lisboa_junior_
O vereador e presidente da Câmara de Boa Vista, Genilson Costa (Republicanos), e o subcomandante da Polícia Militar (PM), coronel Francisco das Chagas Lisboa, foram presos em uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga apoio financeiro do tráfico de drogas nas eleições municipais de 2024. A operação foi deflagrada nesta quarta-feira (18), um dia após o vereador ser diplomado.
A esposa de Genilson também foi presa. De acordo com as investigações, Genilson comprava votos dos eleitores em Boa Vista para se reeleger com dinheiro do tráfico de drogas. O coronel Francisco Lisboa mantinha o vereador informado das denúncias recebidas sobre a compra de votos com dinheiro do tráfico quebrando o sigilo do disk emergência 190.
A Operação Martellus foi deflagrada com o objetivo de desarticular uma associação criminosa criada durante o período eleitoral de 2024, para comprar de votos além de praticar outros crimes eleitorais. Ao menos R$ 1 milhão teriam sido utilizados na compra de votos
A PF cumpre 18 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima.
O g1 procurou o vereador Genilson Costa (Republicanos) e tenta contato com o coronel Francisco das Chagas Lisboa. Também procurou a Câmara Municipal de Boa Vista a Polícia Militar (PM) e aguarda resposta.
Genilson, se reelegeu como vereador neste ano com 3.744 votos e vai para o terceiro mandado seguido na Câmara de Boa Vista (em 2016, foi eleito pela primeira. Depois, em 2020) e foi o terceiro mais bem votado.
O coronel Francisco Lisboa foi nomeado como subcomandante no dia 20 de novembro – menos de um mês. A definição do cargo ocorreu um dia depois do governador de Roraima Antonio Denarium exonerar da função a coronel Valdeane Alves, a primeira mulher que ocupou o cargo.
A investigação teve início após a prisão em flagrante de dez pessoas no dia 5 de outubro deste ano pelo crime de corrupção eleitoral. Na ocasião, um suspeito, apontado na investigação como líder da campanha de Genilson Costa, teria cooptado eleitores para votar no presidente, que disputava a reeleição ao cargo de vereador no município de Boa Vista.
Em contrapartida ao voto, essas pessoas teriam recebido valores que variavam entre R$ 100 e R$ 150.
No dia 6 de outubro, uma busca e apreensão conduzida pela PF identificou a prática de diversos crimes eleitorais, culminando na prisão em flagrante do candidato pela prática dos crimes de corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro e por ter ouro em sua forma bruta em sua residência, o que é crime.
Após a prisão, o então candidato foi liberado após impetrar habeas corpus.
O esquema, que seria liderado por Genilson, contaria com apoio de agentes públicos, incluindo subcomandante da PM, que manteria o vereador informado sobre denúncias recebidas sobre a compra de votos investigada.
O vereador possuía um grupo em aplicativo de mensagens onde os envolvidos faziam as prestação de contas sobre o esquema.
O inquérito policial aponta que Genilson, que já foi investigado em outros momentos por diversos crimes, teria recebido patrocínio do tráfico para o exercício de suas atividades parlamentares, inclusive, para a disputa à presidência da casa legislativa municipal.
Os investigados poderão ser indiciados pelos crimes de associação criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto, violação de sigilo funcional, prevaricação e lavagem de dinheiro.
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