Galípolo diz não ver ataque especulativo em alta do dólar

Nesta quinta-feira (19), o dólar atingiu a marca de R$ 6,30 no início do dia, mas recuou após uma intervenção do Banco Central (BC), que realizou leilões de venda de US$ 8 bilhões. O movimento ocorreu em meio a um cenário de especulação no mercado e informações falsas que circularam nas redes sociais, impactando a política monetária.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e próximo presidente do BC, negou que a alta seja resultado de um ataque especulativo. “O termo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje. Quando o preço de um ativo sobe, há vencedores e perdedores”, explicou Galípolo, durante a apresentação do relatório de inflação.

Causas da alta e intervenção do BC

De acordo com o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, a valorização do dólar foi provocada por disfuncionalidades sistêmicas no fluxo cambial. Ele destacou um movimento atípico de saída de dólares, motivado por:

  • Pagamento de dividendos acima da média;
  • Remessas de pessoas físicas;
  • Operações extraordinárias em plataformas financeiras.

Diante dessa constatação, o BC realizou intervenções fatiadas para equilibrar o mercado e suprir a demanda de liquidez. “Atuamos com um volume pré-estabelecido, fatiando as intervenções para evitar contaminação na taxa de juros”, afirmou Campos Neto, reforçando que não há objetivo de proteger qualquer nível de câmbio.

Investigação de manipulação do mercado

As recentes especulações e informações falsas envolvendo a política monetária ganharam força nas redes sociais, afetando a cotação do dólar. Diante desse cenário, a Polícia Federal (PF) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriram investigação, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), para apurar um possível crime de manipulação do mercado de capitais.

Selic e cenário fiscal

Além da oscilação cambial, o BC elevou a taxa Selic em um ponto percentual como medida para conter a pressão inflacionária. Campos Neto citou fatores determinantes para a decisão:

  • Alta recente na taxa de câmbio;
  • Inflação corrente elevada;
  • Preocupação com o pacote fiscal do governo e o cumprimento da meta de gastos.

“O Banco Central está comprometido com o cumprimento da meta de inflação, buscando convergência das expectativas e credibilidade no mercado”, destacou Campos Neto.

Transição no comando do Banco Central

A partir de janeiro, Gabriel Galípolo assumirá a presidência do Banco Central, sucedendo Campos Neto, que encerra sua gestão nesta sexta-feira (20), último dia antes do recesso da instituição. Galípolo destacou a transição como um processo “entre amigos” e elogiou a postura de Campos Neto.

“O Roberto foi muito generoso durante a transição, dando liberdade para que tivéssemos um peso maior nas decisões, especialmente nas últimas reuniões”, afirmou Galípolo.

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