Doença que destrói citros é detectada em pomares de 5 cidades de Santa Catarina

Pesquisadores da Epagri e da Cidasc confirmaram a presença da doença Huanglongbing (HLB), conhecida como greening ou amarelão dos citros, em pomares do Oeste de Santa Catarina. A confirmação foi publicada em artigo na revista Tropical Plant Pathology.

O primeiro foco foi identificado em uma árvore de mandarina em Xanxerê e, após inspeções, novos casos foram encontrados em Abelardo Luz, São Lourenço do Oeste, Guaraciaba e São José do Cedro.

O greening é considerado a doença mais destrutiva dos citros. Ele afeta todas as variedades e não possui cura ou tratamento eficaz.

A doença é causada pela bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, transmitida por um inseto vetor, o psilídeo asiático dos citros (Diaphorina citri).

O inseto é pequeno, mede entre 2,5 mm e 3 mm, tem cor marrom-acinzentada e se espalha pelas plantas. Ele se alimenta da seiva e transmite a bactéria de árvores doentes para sadias.

Após a contaminação, os sintomas podem demorar até um ano para aparecer. A bactéria se instala nos vasos da planta e compromete toda a árvore.

Entre os principais sinais estão folhas com manchas verde-amareladas, chamadas de mosqueado, nervuras opacas e engrossadas, além de frutos pequenos, deformados e com sabor alterado.

As árvores infectadas perdem produtividade, secam e morrem em poucos anos.

A doença nos citros foi detectada pela primeira vez no Brasil em 2004, em Araraquara (SP), e hoje é considerada uma praga quarentenária. Santa Catarina identificou os primeiros casos em 2022, após anos de monitoramento iniciado em 2016.

O programa estadual envolveu a inspeção de 100 pomares comerciais registrados, além da instalação de armadilhas para coleta de insetos.

Entre 2022 e 2023, agentes da Cidasc encontraram árvores com sintomas em Xanxerê. Após a confirmação da doença, outras duas árvores de Ponkan também testaram positivo.

Em seguida, foi iniciada uma força-tarefa para verificar pomares em um raio de 4 quilômetros, com novos casos detectados em outras cidades.

Ao todo, 14 psilídeos capturados em Xanxerê e Guaraciaba também testaram positivo para a bactéria.

Em fevereiro de 2024, um pomar inteiro da cidade de Ipuaçu estava infectado. No local, 25 psilídeos foram coletados e dois carregavam a bactéria. Para conter o avanço da doença, 200 árvores foram eliminadas.

A origem do surto nos citros no Oeste ainda é incerta, mas os pesquisadores apontam duas hipóteses: a migração natural do inseto ou o plantio de mudas contaminadas.

A proximidade com o Paraná e a Argentina, onde há registros da doença, aumenta a possibilidade de entrada do psilídeo por voo ativo — o inseto pode se deslocar por até 2,4 km.

Por outro lado, o clima frio do Oeste, com mínimas de 8°C a 10°C no inverno, pode dificultar o ciclo do inseto.

A paisagem acidentada e a diversidade do uso da terra em Santa Catarina também são obstáculos à propagação do vetor.

Mesmo assim, há preocupação de que a doença esteja presente em outras áreas do Estado, inclusive em zonas urbanas, onde plantas cítricas são comuns.

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A citricultura catarinense, baseada principalmente na agricultura familiar, é uma das mais promissoras do país, com destaque para o Alto Vale do Itajaí, região que concentra a produção de mudas de alta qualidade.

O controle do greening depende de ações preventivas. Segundo os pesquisadores, as medidas mais eficazes são a eliminação imediata de plantas infectadas, uso de mudas produzidas em viveiros protegidos, aplicação de inseticidas para controle do psilídeo e inspeções frequentes.

A população também deve evitar comprar mudas em feiras livres e comunicar a Cidasc em caso de suspeita.

Apesar do avanço da doença, há possibilidade de o Estado recuperar o status de livre do HLB, desde que haja atuação conjunta entre produtores e população.

O sucesso do controle depende da informação e do compromisso de todos com a sanidade vegetal dos pomares catarinenses.

 

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