Professor no ES cobrava R$ 500 para entregar cartas de presidiários a familiares

Leonardo Lira, que dava aulas de informática para detentos, foi preso após esquema ser descoberto pela Polícia Penal

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Divulgação

Acusado de prestar serviço como uma espécie de “pombo-correio”, um professor de informática foi preso na última quinta-feira (8). A cada carta enviada para familiares de presidiários ele recebia pagamento em dinheiro de cerca de R$ 500.Além disso, Leonardo Ribeiro Lira, de 46 anos, também recebia entre R$ 100 a R$ 150 para fornecer isqueiros e tubo de canetas. O esquema foi descoberto pela Polícia Penal na última quinta.Leonardo era contratado temporariamente desde o início do ano e as investigações apontam que era na sala de aula na Penitenciária de Segurança Máxima I (PSMA I), em Viana, que tudo acontecia.Aos policiais penais, segundo o boletim de ocorrência, ele confessou que os presos digitavam as cartas nas aulas de informática, pegava os arquivos em um pen drive e depois entregava as mensagens para os familiares dos presos. Inicialmente, foram identificadas seis cartas.“Articulado junto com os presos, ele tinha a tarefa de transcrever umas cartas no computador e, ao lado dele, colocava os presos e fazia uma fotografia pela webcam. Nessas cartas, os presos mandavam ordens e pedidos para seus familiares. Diante disso, ele salvava as cartas no pendrive e saia com esse material que utilizava para ministrar aula”, explicou o diretor de operações da Polícia Penal, Weleson Vieira.Feito isso, ainda segundo ele, os presos começaram a demandá-lo, com pedidos de entrada com drogas. Leonardo confessou que levava as cartas e entregava isqueiros e tubos de caneta. No entanto, ele nega ter levado drogas para o presídio, fato esse que será investigado.“Tem desde ordem de recebimento de droga, pedido de dinheiro para a família, para pagar dívida de droga, para pagar a ele pelos trabalhos prestados para levar e trazer informações dos presos. Eram diversos assuntos”, explicou Weleson Vieira.Leonardo foi encaminhado para a Delegacia Regional de Cariacica, onde foi autuado em flagrante por corrupção passiva e posse de entorpecentes para consumo próprio. Os três detentos que pediam para que ele entregasse as mensagens aos familiares também foram levados para a delegacia, autuados e, em seguida, retornaram ao presídio.Ele também dava aulas de educação física e informática no presídio feminino de Cariacica, na Penitenciária Agrícola em Viana e no Centro de Detenção Provisória de Viana (CDPV II), há três meses. A polícia vai investigar se ele era “pombo-correio” também em outros presídios.Entenda o casoFlagrante Os setores de Inteligência da Polícia Penal e da Subsecretaria de Inteligência Prisional da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) descobriram que o professor Leonardo Ribeiro Lira, de 46 anos, estava entregando cartas escritas durante suas aulas na Penitenciária de Segurança Máxima I (PSMA I) para familiares de presos. ConfissãoO professor teria confirmado aos chefes de segurança que estava praticando o ato de pegar cartas digitadas pelos presos durante as aulas de Informática, por ele ministradas, salvando em seu pendrive e entregando aos familiares dos presos.Revistas Diante das informações, a equipe realizou uma revista pessoal no professor e encontrou um aparelho de telefone celular.Foi feita uma busca no carro de Leonardo, um Fiat Mobi, onde foram encontrados três pendrives, além de um dichavador (item para triturar fumo para uso de droga), uma máquina de lavagem a seco contendo substância similar a maconha, duas buchas de haxixe. Ele teria confessado que era usuário.DinheiroForam encontrados 1.200 reais em dinheiro, quantia que, segundo Leonardo Lira, seria pagamento recebido pela entrega de cartas produzidas pelos presos e do fornecimento de cargas de caneta e isqueiros.Foi encontrado também um caderno contendo a contabilidade da prática criminosa.Acesso ao presídioLeonardo Ribeiro Lira era servidor da rede pública estadual, professor contratado pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu) e tinha acesso ao presídio. PrisãoO professor, que foi preso na última quinta-feira, colaborou com a ação policial e não foi necessário o uso de algemas. Neste sábado, ele passa por audiência de custódia.Ele foi autuado por corrupção passiva, cuja pena varia de 2 a 12 anos, se condenado. DemitidoA Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que o contrato do professor com a Sedu foi “cessado”.Fonte: Polícia Penal e Secretaria de Estado da Educação.

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