Vem aí a caneta contra alergias. Veja o valor que o medicamento pode ser vendido

A alergista e imunologista Milena Pandolfi mostra a caneta de adrenalina, que ainda não está disponível no Brasil

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Fábio Nunes/AT

Para uma pessoa com uma condição grave de alergia (anafilaxia), uma caneta de adrenalina autoinjetável pode ser a diferença entre a vida e a morte. Porém, no Brasil não é fácil conseguir esse salva-vidas. O dispositivo precisa ser importado e o preço pode chegar até R$ 5 mil. Para piorar, médicos recomendam que os pacientes carreguem duas canetas, que têm validade de um ano. Há uma luz no fim do túnel: a primeira caneta de adrenalina autoinjetável desenvolvida no País foi apresentada durante o 51º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, realizado neste mês, em Salvador. O grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável por seu desenvolvimento, estima que seria possível produzir a caneta em 11 meses após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela custaria cerca de R$ 400. “Por enquanto, eles só apresentaram um protótipo. Ainda faltam passos para apresentar e testes para serem feitos. Não é algo para o próximo ano”, explica a alergista e imunologista Milena Pandolfi. Ela esclarece que o protótipo trata do dispositivo, uma vez que o medicamento, a ampola de adrenalina, já é aprovado no Brasil. Diz ainda que um dos problemas para a aprovação da Anvisa é que a adrenalina não pode ser exposta a um calor muito forte e nem pegar luz, sob risco de perder potência. “É um grande problema, porque moramos num País quente. Então, para ser aprovado, esse protótipo tem que manter a medicação nas condições de luz e de temperatura. Além disso, tem que ser fácil do paciente aplicar. É uma ideia boa, mas ainda há muito caminho para ser andado”, completa. Segundo a alergista e imunologista Larissa Perim, sendo aprovada, a caneta autoinjetável faria toda a diferença na vida dos pacientes, permitindo maior segurança contra fraudes, democratizando o acesso e acabando com o medo constante. “O benefício maior de portar uma caneta autoinjetável é dar segurança para os pacientes poderem levar uma vida normal sem o medo constante de ter uma reação longe do hospital”, diz. A especialista explica que a adrenalina é a única forma eficaz de tratar os episódios de anafilaxia. E destaca que quanto mais rápido a adrenalina for injetada, menores são as chances de evoluir para uma forma mais grave.

Opinião

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Reprodução jornal A Tribuna

FIQUE POR DENTRO AnafilaxiaÉ a reação mais grave da alergia e pode levar à morte, caso não haja uma intervenção imediata. As alergias podem ser desencadeada por alimentos, medicamentos e picadas de insetos, principalmente abelha, marimbondo e formiga.Alguns sintomas são dificuldade para respirar, pressão arterial baixa, vermelhidão, entre outros.A adrenalina é a única forma eficaz de tratar os episódios de anafilaxia. Uma ampola de adrenalina não é cara, mas precisa ser aplicada por um profissional.Caneta autoinjetável Existe mais de uma marca que pode ser comprada, mas elas não são vendidas no País. O paciente tem que importar e os preços podem chegar a até R$ 5 mil.BenefíciosRedução dos custos é um dos vários benefícios que a caneta pode trazer para pacientes, caso seja aprovada. Além disso, trará segurança porque será regulada pela Anvisa, evitando fraudes e medicações adulteradas. A Regulamentação para comercialização no Brasil facilita o acesso à medicação, que estará disponível em farmácias, mediante prescrição. Também é mais um passo em direção a tornar o medicamento acessível para todos, pois poderá ser disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS).AumentoGarantir acesso ao medicamento se tornou uma grande preocupação, pois o número de pacientes alérgicos tem aumentado nos últimos anos. Há vários motivos para isso, sendo um assunto considerado complexo. O fator genético é um deles, mas existem muitos fatores ambientais que podem influenciar. Por exemplo, atualmente a sociedade se expõe menos a uma vida externa. Isso significa que há menor contato com vírus e bactérias o que, por sua vez, muda o sistema imunológico do ser humano para um tendência maior à alergia. Também há estudos indicando que microplásticos e detergentes estão influenciando no aumento de alergias.

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