‘Morrendo por sexo’: a paciente com câncer terminal que decidiu se divorciar para transar mais

Molly Kochan na vida real e na série "Morrendo por sexo"

Molly Kochan na vida real e na série “Morrendo por sexo”, que estreou na Disney+ – Foto: Reprodução/ND

A americana Molly Kochan, que morreu em 2019 aos 45 anos, virou símbolo de uma forma pouco convencional, e muito honesta, de enfrentar uma doença grave. Diagnosticada com câncer de mama em estágio terminal, ela decidiu contar sua história de forma diferente: sem filtros, com liberdade sexual e um olhar direto sobre a dor e a vida.

“Não quero ser a pessoa mais forte que você conhece”, escreveu em uma de suas publicações mais marcantes.

Em vez de fotos abatidas ou mensagens motivacionais, ela postava selfies sensuais de lingerie e frases sinceras sobre sua condição.

“Combino declarações honestas sobre o câncer de mama em estágio IV com as selfies sensuais que envio para estranhos para me sentir viva”, explicava em sua biografia do Instagram.

Agora, sua história de vida virou uma série chamada “Morrendo por sexo”, que estreou na Disney+ no dia 4 de abril.

Molly Kochan

Pôster de divulgação da série “Morrendo por Sexo” – Foto: Reprodução/ND

‘Morrendo por sexo’

Molly nasceu e cresceu em Nova York, mas tinha o sonho de ser escritora, então se mudou para Los Angeles, onde se casou.

Sua vida mudou completamente em 2011, quando descobriu o câncer. Passou por uma mastectomia dupla, quimioterapia e radioterapia, mas anos depois, em 2015, a doença voltou em estágio avançado, sem chance de cura.

A resposta de Molly foi romper com tudo: ela se separou, redescobriu sua sexualidade e começou uma jornada pessoal por fetiches, sexo casual e experiências que, segundo ela, nunca teria explorado antes.

Essa “odisseia erótica”, como chamava, virou um caminho inesperado de autoconhecimento.

Em 2018, ela lançou com a melhor amiga, Nikki Boyer, o podcast “Dying for Sex” (Morrendo por Sexo), onde as duas falavam abertamente sobre prazer, vulnerabilidade, amizade e vida com câncer.

Molly Kochan

Molly Kochan com a amiga, com quem fez o podcast “Morrendo por sexo” – Foto: Reprodução/ND

“Por muito tempo, no sexo (e esse é o problema do meu casamento), eu era boa em descobrir o que as outras pessoas gostavam e podia fingir ser atriz. Mas eu não tinha ideia do que eu gostava”, disse em um dos episódios.

Com o tempo, Molly também começou a encarar traumas antigos que haviam influenciado sua forma de se relacionar.

“A dissociação foi provavelmente uma habilidade que desenvolvi na noite em que fui abusada”, revelou, ao refletir sobre como experiências de abuso afetaram sua intimidade e sua busca por conexão.

Mesmo doente, nunca deixou de escrever. Em seus últimos dias, finalizou sua autobiografia, onde falou abertamente sobre amor-próprio, dor, sexualidade e o desejo de encontrar sentido mesmo diante do fim.

Os últimos momentos

Nos momentos finais, Molly reconheceu que encontrou o amor que procurou durante a vida inteira.

“Gostaria de poder terminar a história do hospital com um conto surpreendente de um homem que me fez corar e me apaixonei por ele, mas meu visitante nunca veio. No entanto, percebo que estou apaixonada. Sim, estou apaixonada. Por mim mesma.”

Sua amiga Nikki resumiu o que sentia: “para Molly, era mais do que apenas uma coisa física. Perto do fim, acho que ela estava procurando por amor”.

As histórias que Molly contava sobre os encontros com homens eram tão ousadas quanto inusitadas: teve o que pediu para levar um chute nos testículos, um sósia de Ryan Reynolds e outro que queria ser tratado como um cachorro.

Ela compartilhava tudo com humor, franqueza e a coragem de quem sabia que não tinha mais tempo a perder.

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