Seu Jorge: “A gente tem essa luz que insiste em brilhar”

Seu Jorge: “’Baile à la Baiana’ é sobre isso: sobre a alegria como ferramenta de afirmação, de vida”

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O que acontece quando o funk e o soul do Rio de Janeiro encontram os ritmos vibrantes da Bahia, como a chula e o semba, além da black samba? O resultado é “Baile à la Baiana”, o mais novo álbum de Seu Jorge, 54. Alegre e dançante, o projeto é a cara do Brasil, segundo o próprio artista.“A gente tem essa força, essa luz que insiste em brilhar mesmo na escuridão. O brasileiro dança na chuva, canta na dor, se reinventa. O disco é sobre isso: sobre a alegria como ferramenta de afirmação, de vida”, afirma ao AT2.Trazendo um novo som para a trajetória de Seu Jorge, marcada por sucessos como “Burguesinha”, “Felicidade” e “Amiga da Minha Mulher”, o recém-lançado projeto já tem ganhado os palcos, visto que atualmente o cantor está em turnê pela Europa.“Aqui fora, o público, muitas vezes, não entende a letra, mas sente a vibração, o ritmo, o sentimento. A música brasileira tem esse poder de atravessar a língua. Mas nada se compara com cantar em casa, né? No Brasil, o povo canta tudo, sente cada verso… é outra temperatura”, analisa.E é trazendo esse clima, de quem promete fazer a plateia “ferver”, que o cantor carioca desembarca em Vitória, no próximo sábado (12). Ele tem apresentação marcada no Espaço Patrick Ribeiro, em Goiabeiras.“Vai ter aquele passeio gostoso pelos clássicos, que a galera gosta de cantar junto, mas também tem novidade. ‘Baile à la Baiana’ chegou trazendo um frescor, uma batida diferente. O show está com um repertório que mistura esses dois mundos: o novo e o que já faz parte da nossa história”.A última vez que Seu Jorge esteve em Vitória foi em junho de 2023, quando apresentou o show “Irmãos” ao lado do cantor mineiro Alexandre Pires.“O povo capixaba sempre me recebeu de braços abertos, com aquela energia quente, verdadeira. Agora volto com esse projeto solo que tem um significado muito especial pra mim”, salienta.“É um grito de existência”AT2 – O processo de produção de “Baile à la Baiana” foi muito diferente em relação aos outros discos da sua carreira?Seu Jorge – Foi bem diferente, sim. Eu costumo estar muito envolvido em tudo, mas esse foi mais coletivo, mais colaborativo. Tinha uma vibração de festa, de troca…“Baile à la Baiana” não existiria sem a contribuição do percussionista Peu Meurray, um amigo e parceiro de longa data, e Magary Lord? Eles foram fundamentais nesse processo?Totalmente fundamentais! Peu e Magary são irmãos de estrada, de alma. Trouxeram suas experiências, suas raízes, sua musicalidade única. Esse disco é nosso, é um encontro de visões e de amores pela beleza da música brasileira, pela Bahia, pelo Rio, pelo povo.O álbum é definido como “alegre, dançante e cheio de energia boa”. Vê como um retrato do povo brasileiro, que não se deixa abater mesmo diante das dificuldades?A gente tem essa força, essa luz que insiste em brilhar mesmo na escuridão. O brasileiro dança na chuva, canta na dor, se reinventa. “Baile à la Baiana” é sobre isso: sobre a alegria como ferramenta de afirmação, de vida.“Baile à la Baiana” é o seu primeiro projeto de inéditas em dez anos. Esse trabalho é resultado da saudade de entrar em estúdio para gravar algo seu? Mesmo que tenha feito parcerias durante esse tempo, como conseguiu ficar longe dos estúdios?A saudade bateu forte, não vou mentir. Mas eu também respeito muito o tempo das coisas. Foram dez anos de muitas experiências, parcerias, outras linguagens. Mas chegou a hora de voltar com algo que nascesse mesmo do meu coração. E o “Baile” veio com esse propósito. Foi como respirar de novo.Enxerga a celebração à riqueza cultural do Brasil proposta no disco “Baile à la Baiana”, que chega em 2025, como um ato de resistência? Ainda mais quando se trata da música negra?Celebrar nossas raízes, nossa musicalidade e nossos ritmos é um ato político. A música negra construiu o Brasil, então, quando a gente coloca isso no palco, no disco, na rua, é um grito de orgulho e de existência. É dizer: “estamos aqui, com toda nossa beleza e potência”.Suas carreiras na música e no cinema sempre andaram juntas. Qual a importância da arte do cinema na sua trajetória musical? De que forma contribuiu?O cinema me abriu muitos caminhos e também me ensinou a contar histórias de outra forma. Isso, sem dúvida, influenciou minha música. Eu aprendi a enxergar o som com imagem, a construir narrativas mais profundas. Uma arte alimenta a outra.Mais de duas décadas depois de “Cidade de Deus” (2002), vemos “Ainda Estou Aqui” alcançar uma relevância semelhante. Como foi ver o cinema brasileiro em destaque novamente? Celebra como alguém que foi importante para esse cenário?Eu celebro demais! A gente tem talento de sobra aqui. Ver o Brasil brilhar de novo lá fora no cinema me emociona. E, se eu puder contribuir com isso de alguma forma, fico feliz, mas sei que tem muita gente segurando essa bandeira hoje também. A cultura brasileira é gigante.Como é ver sua filha Flor seguindo os seus passos na música? Era o que planejava para ela?Ah, é emocionante demais! Não planejei, não forcei nada… veio do coração dela. E ver isso florescendo, com o perdão do trocadilho, me enche de orgulho. (Risos)Como é servir de inspiração artística para ela?Se eu sirvo de inspiração, que seja pelo amor que coloco em tudo que faço. Mas ela tem o próprio brilho. Meu papel agora é apoiar, incentivar e curtir cada passo dela.

Seu Jorge sobre a carreira de cantora da filha Flor: “Meu papel agora é apoiar, incentivar e curtir cada passo dela”

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ServiçoSeu Jorge> Quando: Próximo sábado (12), às 21h30. Abertura dos portões às 20h30.>Onde: Espaço Patrick Ribeiro, em Goiabeiras.>Ing.: A partir de R$ 90 (Pista/1º lote/meia). >Venda: Site blueticket.com.br.> Clas.: 18 anos.

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