Cirurgia mais rápida contra câncer de cabeça e pescoço

Médico Thiago Chulam foi um dos responsáveis pela primeira cirurgia robótica voltada para cabeça e pescoço

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Leone Iglesias/AT

O Hospital Santa Rita, localizado em Vitória, realizou no fim de março a primeira cirurgia robótica voltada para cabeça e pescoço.O procedimento para retirada do tumor de orofaringe foi realizado no dia 13 de março, em um paciente de 80 anos, que tinha o câncer localizado na amígdala, já com disseminação linfática para o pescoço.O processo durou cerca de 50 minutos na parte robótica, enquanto uma parte convencional, que também foi necessária, teve duração de 1h30. Se a parte robótica tivesse sido feita de maneira convencional, poderia ter tido duração de cerca de 6 horas.O robô utilizado foi o “Da Vinci XI”, um sistema cirúrgico considerado o mais moderno do segmento robótico do mundo.Um dos responsáveis pela cirurgia, Thiago Chulam, médico cirurgião de cabeça e pescoço do AC Camargo Cancer Center, que atua operando pacientes em parceria com os profissionais do Hospital Santa Rita, comentou que a tecnologia oferece diversos benefícios.A principal inovação que o robô traz é na qualidade da visão e precisão dos movimentos, ao proporcionar visualização tridimensional em alta definição, permitindo que os médicos enxerguem as estruturas com um nível de detalhe imensamente superior ao obtido em uma cirurgia aberta convencional ou mesmo em uma videolaparoscopica.“No mês passado, a principal vantagem foi evitar cirurgias muito mutilantes e extensas. Tradicionalmente, os tumores de orofaringe exigiam grandes incisões, com abertura de mandíbula, para permitir o acesso da região do tumor e assim fazer uma ressecção oncologicamente adequada”, disse.O uso do robô, então, resulta em um procedimento menos invasivo, com menor risco de complicações, um tempo de internação menor, reabilitação mais rápida e uma preservação das funções de fala e deglutição, por exemplo, que são muito importantes para a qualidade de vida do paciente.Thiago explicou que a cirurgia robótica já é padrão em alguns procedimentos. “Na urologia está muito bem documentado e para algumas localizações do trato digestivo, a gente já observa benefícios importantes”.“Na cabeça e pescoço, especificamente para essa topografia e para casos individualizados e casos bem selecionados, os tumores de orofaringe e laringe supraglótica, já têm na cirurgia robótica transoral (sem necessidade de incisão pelo pescoço) a sua metodologia de escolha. Já é o padrão, sendo o que existe de melhor para o paciente”.Fique por dentroO primeiroFoi o primeiro procedimento de cirurgia robótica voltada para cabeça e pescoço do ES, sendo realizado no dia 13 de março em um paciente de 80 anos que tinha o câncer localizado na amígdala, já com disseminação linfática para o pescoço.O robô utilizado foi o “Da Vinci XI”. Trata-se de um sistema cirúrgico considerado o mais moderno do segmento robótico do mundo.Benefícios na operaçãoDe acordo com o médico cirurgião de cabeça e pescoço, Thiago Chulam, o robô traz qualidade da visão e na precisão dos movimentos ao proporcionar visualização tridimensional em alta definição.Isso permite que os médicos enxerguem as estruturas com nível de detalhe excelente.O robô tem um sistema de filtragem de tremor, garantindo aos médicos movimentos delicados e precisos, essenciais em cirurgias que trabalham em espaços reduzidos e aquelas minimamente invasivas.Com o robô, os médicos conseguiram acessar regiões mais remotas e remover o tumor diretamente pela boca, sem a necessidade de cortes mais extensos.Benefícios para o pacienteAo tornar o procedimento menos invasivo, há menor risco de complicações, uma reabilitação mais rápida e uma preservação das funções de fala e deglutição, por exemplo, que são importantes para a qualidade de vida.Se fosse por uma cirurgia convencional, o paciente poderia ter uma dor mais exarcebada no pós-operatório, além de ter a necessidade de utilizar traqueostomia no mínimo temporária.É válido pontuar que, no caso do paciente atendido em março, antes da cirurgia robótica ele passou por um tratamento com quimioterapia com escopo de reduzir o tumor ao mínimo possível. Depois disso, passou para o procedimento.Segundo Thiago Chulam, seguir com essa estratégia permite a redução da necessidade de implantação de radioterapia no pós-tratamento, o que faz com que esse paciente do ponto de vista funcional tenha um melhor desfecho.Quando não se faz a cirurgia robótica, não é possível ter certeza se o tumor foi reduzido, sendo necessário fazer radioterapia para esterilizar as células daquela região.A doençaCâncer de cabeça e pescoço são tumores que aparecem na boca, orofaringe, nariz, seios nasais, nasofaringe, etc. O caso abordado é voltado para o câncer de orofaringe.O câncer de oreofaringe (com tumores com localizações mais comuns a amígdala e base da língua) é conhecido como câncer de garganta.Segundo Thiago Chulam, os tumores de garganta podem ser oriundos basicamente de grupos de pacientes tabagistas e etilistas, e também daqueles que têm HPV.Nos últimos 10 anos houve aumento expressivo nos casos de tumores de orofaringe relacionados ao vírus, pontuou Thiago Chulam.Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), em 2020 existiram 98.400 novos casos de câncer orofaríngeo no mundo. Para 2040, expectativa é de 145 mil.Sinais e sintomas: dificuldade para engolir ou sensação de que alguma coisa está presa, na garganta; dor de ouvido; irritação da garganta que não passa; nódulo no pescoço; tosse; dificuldade para respirar.Fonte: pesquisa A Tribuna.

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