Pescadores ilegais são identificados após morte de tartarugas em praia de SC

Pescadores ilegais foram identificados pela Polícia Militar Ambiental em Barra Velha, no Litoral Norte catarinense. Eles foram autuados por pescar com embarcação sem possuir licença e serão investigados para apurar ligação com a morte de sete tartarugas-verdes na praia do Tabuleiro em 29 de março.

As tartarugas-verdes, da espécie Chelonia mydas, foram recolhidas e encaminhadas para a Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali em Penha – Foto: Reprodução/PMP-BS/ND

De acordo com a PMA (Polícia Militar Ambiental), uma equipe de inteligência da corporação, com policiais à paisana, foi até Barra Velha, conversou com moradores e identificou, inicialmente, um autor da pesca ilegal.

“Ainda fizeram vários registros do cidadão saindo, colocando a mesma rede ilegal no lugar e voltando para buscá-la”, relata o comandante da PMA de Joinville, major Ruy Teixeira.

A guarnição de policiamento ambiental identificou a pesca ilegal próximo ao parcel do Costão das Pedras Brancas. Em seguida, a equipe acompanhou a embarcação até o local de desembarque do pescado.

No local, foi realizada a autuação de uma peixaria por comercializar pescado sem origem e a identificação de todos os autores da pesca irregular.

Diante do flagrante, os suspeitos foram autuados por pescar com redes de emalhe próximas à costa e por pescar com embarcação sem possuir licença.

Agora, uma investigação deverá apurar se eles são responsáveis pelas redes de pesca que causaram a morte das sete tartarugas-verdes na praia do Tabuleiro.

Conscientização de pescadores

A conscientização de pescadores, mudança dos locais e horários de pesca, são algumas das alternativas para reduzir a captura acidental, de acordo com o coordenador da Unidade Estabilização de Animais Marinhos da Univali, Jeferson Dick

“Quando a rede é colocada em águas rasas, próxima a costão, é muito certo que vai haver a captura acidental de outras espécies, que não era a espécie alvo da pessoa que estava pescando”, afirma Dick.

Segundo o comandante Teixeira, quando a população presenciar situações de pesca ilegal ou encontrar animais marinhos mortos deve acionar a Polícia Militar Ambiental pelo 190 ou pelo aplicativo PMSC Cidadão.

A geração da ocorrência ajudará na responsabilização dos autores de crimes ambientais na região.

Relembre morte das tartarugas

As sete tartarugas-verdes foram encontradas mortas e presas a redes de pesca. Os animais foram retirados da água por surfistas da região, mas já estavam sem vida.

Após deixarem os animais na faixa de areia, os surfistas rapidamente acionaram a Univali, por meio do PMP-BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos).

Quando uma equipe de pesquisadores chegou ao local, as tartarugas-verdes, da espécie Chelonia mydas, já estavam sem vida e em estado de decomposição. As carcaças foram recolhidas e encaminhadas para a Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali, em Penha.


As tartarugas-verdes, da espécie Chelonia mydas, foram recolhidas e encaminhadas para a Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali em Penha - Reprodução/PMP-BS/ND

1
6

As tartarugas-verdes, da espécie Chelonia mydas, foram recolhidas e encaminhadas para a Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali em Penha – Reprodução/PMP-BS/ND


Tartarugas foram avistadas e recolhidas por surfistas, que também as desprenderam das redes de pesca - Reprodução/ND

2
6

Tartarugas foram avistadas e recolhidas por surfistas, que também as desprenderam das redes de pesca – Reprodução/ND


A tartaruga-verde é uma espécie importante para todo o ecossistema, e que sua retirada da natureza gera um grande impacto ambiental - Reprodução/ND

3
6

A tartaruga-verde é uma espécie importante para todo o ecossistema, e que sua retirada da natureza gera um grande impacto ambiental – Reprodução/ND


Equipe realizou uma avaliação das condições de saúde e exame de necropsia - Reprodução/PMP-BS/ND

4
6

Equipe realizou uma avaliação das condições de saúde e exame de necropsia – Reprodução/PMP-BS/ND


Foram observadas marcas compatíveis com apetrecho de pesca em todos os animais - Reprodução/PMP-BS/ND

5
6

Foram observadas marcas compatíveis com apetrecho de pesca em todos os animais – Reprodução/PMP-BS/ND


A presença das marcas sugere que o emalhe acidental em rede de pesca pode ter sido a causa da morte - Reprodução/PMP-BS/ND

6
6

A presença das marcas sugere que o emalhe acidental em rede de pesca pode ter sido a causa da morte – Reprodução/PMP-BS/ND

Morte por emalhe em rede de pesca

Na unidade, a equipe realizou uma avaliação das condições de saúde e exame de necropsia. De acordo com o PMP-BS/Univali, foi constatado de que se tratavam de animais juvenis, todos apresentando boas condições corpóreas.

No entanto, foram observadas marcas compatíveis com apetrecho de pesca em todos os animais. Devido ao avançado estado de decomposição de algumas carcaças, nem todos os exames puderam ser realizados com precisão.

A presença das marcas, porém, sugere que o emalhe acidental em rede de pesca pode ter sido a causa da morte. Segundo o PMP-BS, ao ficarem emaranhados em redes de pesca, os animais não conseguem subir à superfície para respirar, acabam ficando submersos por muito tempo e morrendo por afogamento ou asfixia.

Ainda foram coletados dados biométricos, além de amostras dos órgãos para a realização do exame histopatológico.

Tartarugas-verdes ameaçadas

Segundo o coordenador da Unidade Estabilização de Animais Marinhos da Univali, Jeferson Dick, as tartarugas-verdes estão ameaçadas de extinção. A sobreposição entre o habitat dos animais e a área de pescaria é uma das causas que levou ao estado de alerta.

O caso de Barra Velha, apesar de excepcional pela quantidade de tartarugas mortas, é comum ao longo do litoral catarinense, de acordo com o coordenador.

“É um lugar onde as tartarugas-verdes, juvenis, habitam, se alimentam e se abrigam. Em águas calmas e rasas. Elas procuram alimentos, normalmente, nas pedras. Às vezes no meio de cultivo de mariscos, nesses ambientes que tem bastante produção de alga. E são áreas que, muitas vezes, os pescadores buscam”, relata Dick.

Ao lançar redes de pesca em locais irregulares, entretanto, o risco de atingir animais marinhos é grande. “Às vezes nem é atuação de um pescador profissional. Às vezes é um pescador amador, alguém desinformado, que colocou uma rede num lugar ilegal e que culminou na captura dessa grande quantidade de tartarugas-verdes”, pondera.

Segundo o coordenador, a prática afeta também outras espécies, como as baleias, os golfinhos e as aves marinhas. Dick ainda relata que os animais encontrados mortos nem chegaram à fase reprodutiva – que ocorre por volta dos 15 anos de idade.

“Então esses animais não tiveram nem a oportunidade de se reproduzir, gerar novas proles para manutenção da espécie”, diz.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.