Entenda como uma recessão nos Estados Unidos afetaria o Brasil

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A possível recessão nos Estados Unidos acende um alerta global — e o Brasil não está imune. Em entrevista à BM&C News, Helena Veronese, economista-chefe da B.Side, analisou os canais de contágio mais imediatos para a economia brasileira caso a crise americana se confirme.

Já estamos observando o câmbio reagir, mesmo antes da recessão ser confirmada”, apontou Helena. Ela explica que o primeiro impacto tende a ocorrer na valorização do dólar frente ao real, seguido pela queda na bolsa e pela perspectiva de redução no consumo global.

Oportunidade no meio da crise: Brasil pode ganhar espaço

Apesar dos riscos, Helena destacou que o Brasil tem condições de se beneficiar do cenário adverso se agir estrategicamente. O país foi pouco afetado pelas tarifas americanas e, como grande exportador de commodities, pode atrair novos parceiros comerciais.

Países que vão perder força no comércio com os Estados Unidos podem buscar novos parceiros, e o Brasil pode entrar nisso“, afirmou. Segundo a economista, setores como petróleo, alimentos e carnes podem manter a demanda, mesmo num ambiente de recessão.

Ela acrescentou ainda que a queda no consumo global pode levar à redução dos juros internacionais, o que abriria espaço para o Brasil ter uma Selic mais baixa do que o mercado vinha projetando.

China e União Europeia: janelas para o Brasil ampliar exportações

Na leitura de Helena Veronese, dois blocos comerciais ganham destaque como potenciais destinos para as exportações brasileiras: China e União Europeia.

A China, principal parceiro comercial do Brasil, foi fortemente impactada pelas tarifas americanas, que chegaram a 34%. “A corrente de comércio entre China e Estados Unidos vai diminuir, e a China vai precisar de novos parceiros. O Brasil tem uma possibilidade real de estreitar esses laços”, disse.

Em relação à União Europeia, que também enfrenta tarifas elevadas de 20%, Helena lembra que já existe um acordo em andamento com o Mercosul, o que facilita futuras negociações bilaterais. “Nada impede que o Brasil negocie acordos diretos enquanto o acordo Mercosul-UE não entra em vigor“, acrescentou.

Exportações brasileiras: commodities essenciais sustentam otimismo

Mesmo em um cenário de recessão global, Helena Veronese vê espaço para otimismo, principalmente pela natureza das commodities exportadas pelo Brasil.

São commodities essenciais que o mundo continua consumindo em qualquer cenário: petróleo, alimentos, soja, carne. As pessoas vão continuar comendo, em recessão ou não”, explicou.

Ela conclui que, apesar dos desafios impostos por uma recessão americana, o Brasil tem uma oportunidade concreta de fortalecer sua presença no comércio global, desde que saiba aproveitar os movimentos de realocação comercial causados pela crise.

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