Filhos de Elize Matsunaga e Nardoni travam batalha na Justiça para se livrar dos sobrenomes dos pais

No Brasil, a mudança de nome tem se tornado uma estratégia cada vez mais comum entre criminosos notórios que buscam se desvincular de seus passados infames. Este fenômeno reflete uma tentativa de recomeço, aceitação social e anonimato. Casos recentes como o de Elize Matsunaga mostram como essa prática tem se intensificado, especialmente após alterações na legislação que facilitaram a modificação dos registros civis.

Reportagens recentes do colunista Ulisses Campbell, da True Crime, no jornal O Globo, mostram que esse movimento tem ganhado força, especialmente após atualizações na legislação que flexibilizaram esse tipo de solicitação.

Um exemplo marcante é o de Elize Matsunaga, condenada por assassinar e esquartejar o marido, o empresário Marcos Matsunaga, em 2012. Desde que deixou a prisão, Elize enfrenta uma disputa judicial com os ex-sogros, que têm a guarda da filha do casal — hoje com 14 anos — e pedem a cassação da maternidade dela. Paralelamente à tentativa de retomar o vínculo com a filha, Elize eliminou o sobrenome Matsunaga de seus documentos e hoje se identifica como Elize Araújo Giacomini, sinalizando seu desejo de romper com o passado.

Como os criminosos optam por mudar de nome?

A mudança de nome entre criminosos notórios não é apenas uma questão de formalidade burocrática. Muitos buscam essa alteração como uma forma de recomeçar suas vidas, longe do julgamento público e das associações negativas que seus nomes carregam. A advogada Mabel de Souza Pinho explica que a legislação brasileira permite a mudança de nome como uma oportunidade de recomeço, desde que haja uma base legal para tal, como casamento, divórcio ou adoção.

Desde 2022, a legislação permite que maiores de 18 anos alterem seus prenomes sem justificativa, enquanto mudanças de sobrenome requerem uma base legal. No entanto, a Justiça permanece vigilante para evitar que essas mudanças sejam usadas para apagar antecedentes criminais ou enganar terceiros.

Quais são os casos além de Elize Matsunaga?

Quais são os casos além de Elize Matsunaga?
Suzane Von Richthofen – Foto: Facebook

Além de Elize Matsunaga, outros casos notórios incluem Anna Carolina Trotta Jatobá e Suzane von Richthofen. Anna Carolina, condenada pelo assassinato de sua enteada, optou por abandonar o sobrenome do ex-marido e cúmplice, Alexandre Nardoni, e voltou a usar seus nomes de solteira. Já Suzane von Richthofen, após cumprir parte de sua pena, trocou oficialmente de nome ao se unir em união estável com Felipe Zecchini Muniz, adotando o sobrenome dele e de sua avó materna.

Os filhos do casal também deixaram de lado o sobrenome paterno, optando por usar apenas o nome da mãe e “Alves”, herdado do avô. Além disso, Anna Carolina deu entrada em pedidos de cidadania italiana para os filhos, em possível sinal de que deseja uma vida longe do Brasil.

A advogada Mabel de Souza Pinho explica que a legislação atual prevê o direito à mudança de nome como forma de garantir a possibilidade de recomeçar. Desde 2022, qualquer pessoa com mais de 18 anos pode modificar seu prenome sem necessidade de justificativa, e pode alterar o sobrenome quantas vezes quiser, desde que exista uma motivação legal, como casamento, divórcio ou adoção. Ainda assim, ela faz um alerta:

“A legislação busca equilibrar o direito ao recomeço com a necessidade de preservar a memória e proteger terceiros.”

Essas mudanças de nome refletem um desejo de se distanciar dos crimes que chocaram o país e buscar uma nova identidade que permita uma vida mais tranquila e anônima.

Como a Justiça lida com esses pedidos?

A Justiça brasileira tem o papel de equilibrar o direito ao recomeço com a proteção da memória e dos direitos de terceiros. Quando há suspeitas de que a mudança de nome possa ser usada de má-fé, o cartório pode acionar um juiz para avaliar o pedido. Isso garante que a alteração não seja utilizada para apagar antecedentes criminais ou prejudicar outras pessoas.

Outro personagem desse crime, Daniel Cravinhos, também optou por reformular sua identidade. Ele modificou seus documentos duas vezes: primeiro, após o casamento com a biomédica Alyne Bento, adotando o sobrenome dela; depois, ao se casar novamente, passou a se chamar Daniel Andrade, nome da atual esposa. Em entrevistas, Daniel relatou que ainda enfrenta rejeição social:

“Fui expulso de um restaurante com uma namorada porque o gerente disse que não aceitava pessoas como eu ali.”

Seu irmão, Cristian Cravinhos, preferiu manter o nome. Apesar da má fama, ele declarou: “Caí com esse nome, vou me levantar com ele.”

No entanto, o sobrenome Cravinhos foi removido dos documentos do filho de Cristian, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em fevereiro deste ano. O jovem, hoje com 26 anos, entrou na Justiça para retirar o vínculo de filiação, alegando ausência de laços afetivos e os constrangimentos sofridos em função do histórico criminal do pai. Na época do crime, ele tinha apenas três anos e, segundo os autos, só teve contato com Cristian em três ocasiões ao longo da vida. Ainda antes do crime, o pai já havia deixado de prestar qualquer tipo de assistência.

A mudança de nome pode ter um impacto significativo na vida pessoal e social dos indivíduos. Para muitos, é uma chance de deixar para trás um passado marcado por crimes e recomeçar em um ambiente onde não são imediatamente reconhecidos. No entanto, essa mudança também pode gerar desconfiança e questionamentos sobre as verdadeiras intenções por trás da nova identidade.

Em última análise, a mudança de nome para criminosos notórios é uma questão complexa que envolve considerações legais, sociais e pessoais. Enquanto alguns veem isso como uma oportunidade de recomeço, outros podem encarar com ceticismo, questionando se a nova identidade realmente representa uma mudança de comportamento ou apenas uma tentativa de escapar do passado.

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