Quilombola que já vendeu 700 litros gengibirra mudou de vida

Por RODRIGO DIAS

Em meio à rica cultura e história do quilombo do Curiaú, emerge a inspiradora trajetória de Antônia Márcia dos Santos, carinhosamente conhecida como “Nega do Biluca”. Aos 53 anos, mãe de dois filhos, Nega personifica a força do empreendedorismo como motor de transformação.

Há 23 anos, diante das adversidades da vida, ela encontrou na receita ancestral da gengibirra a chave para sustentar sua família e, hoje, trilhar um caminho de conquistas e sonhos.

“Eu precisava de uma maneira para sustentar meus filhos”, relembra Nega, com a voz carregada de emoção.

A solução surgiu da memória afetiva e dos ensinamentos de sua avó, Francisca Ramos dos Santos, a saudosa Tia Chiquinha.

“Aprendi a fazer gengibirra com minha vó. Era uma tradição de família, um saber que passou de geração para geração.”

O que começou como uma necessidade se transformou em um negócio próspero. A gengibirra artesanal de Nega do Biluca conquistou paladares e abriu portas inimagináveis. Com a renda da venda de sua bebida refrescante e saborosa, ela não apenas garante o sustento dos filhos, mas também realiza o sonho de cursar a faculdade de Serviço Social e mantém suas contas em dia.

Mais de 700 litros já foram vendidos

A qualidade e o sabor único da gengibirra de Nega ultrapassaram as fronteiras do Amapá. Ela teve a oportunidade de participar de uma turnê cultural que a levou a importantes centros como Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Nessa jornada memorável, vendeu mais de 700 litros de sua preciosa bebida, levando consigo a história e a força do seu povo quilombola.

“O empreendedorismo mudou minha vida completamente. Não me vejo sem vender minha gengibirra. É mais do que um negócio, é a minha identidade, a minha forma de me conectar com as pessoas e com a minha história”, afirma Nega com convicção.

Os planos para o futuro são ambiciosos e inspiradores. Nega sonha em consolidar seu negócio, montar sua própria empresa e ter um espaço dedicado à venda de seus produtos à base de gengibre. Seu objetivo vai além do sucesso financeiro: ela quer usar sua jornada para “mostrar a força do nosso povo e o nosso potencial”, elevando a voz e a representatividade da comunidade quilombola.

Neta de Tia Chiquinha, já falecida: “aprendi com minha avó”

Nega do Biluca é um testemunho vibrante de como a resiliência, a tradição e a paixão pelo que se faz podem florescer em oportunidades e transformar vidas.

Sua gengibirra não é apenas uma bebida refrescante, mas um símbolo de esperança, de luta e da força empreendedora que reside em cada indivíduo, capaz de construir um futuro mais próspero e digno.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.