Tarifas de Trump expõem riscos globais e criam oportunidade para o Brasil

Trump isenta quase 25% das importações da China de tarifas comerciais!

As medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos, conhecidas como “tarifaço de Trump”, reacenderam o debate sobre o futuro do comércio global e a reorganização das cadeias produtivas. Na avaliação do economista Bruno Corano, entrevistado pelo programa Strike, da BM&C News, o movimento liderado pelos EUA tem como objetivo fragilizar a China e forçar uma reindustrialização local — mas a estratégia pode sair mais cara do que o esperado para os próprios americanos.

Corano explica que, ao elevar as tarifas de importação para níveis superiores a 100%, o governo americano busca conter o déficit comercial e estimular a produção doméstica. No entanto, o economista alerta que a política enfrenta limitações estruturais. “Os Estados Unidos já operam em pleno emprego e a mão de obra interna é cara. Mesmo que queiram repatriar cadeias produtivas, não há recursos humanos suficientes nem viabilidade de custo para isso“, afirma.

Tarifas de Trump: EUA expõem risco inflacionário ao consumidor

Na visão de Corano, o impacto direto das tarifas será sentido na inflação americana, já que boa parte dos insumos e produtos importados vai encarecer. “Quem paga a conta é o consumidor americano“, aponta. O economista ressalta que a tentativa de fortalecer a indústria nacional poderá elevar os custos de produção e pressionar ainda mais os preços internos. Segundo ele, o sentimento de consumo nos EUA já é o pior desde a crise de 2008.

Além disso, Corano destaca que, em meio à guerra tarifária, há um movimento de redistribuição das rotas comerciais, com exportadores buscando caminhos alternativos para driblar as novas barreiras. “Empresas chinesas podem se realocar para países como Vietnã ou México para manter acesso ao mercado americano“, analisa.

Brasil e Índia podem sair fortalecidos com as tarifas de Trump

Entre os países emergentes, o Brasil aparece como um dos maiores beneficiados pela reconfiguração global do comércio. “Hoje, o Brasil tem capacidade ociosa e qualidade para suprir algumas cadeias produtivas em que se tornou mais competitivo que a China“, diz Corano. Ele observa que a própria iniciativa do empresariado brasileiro será decisiva para aproveitar esse momento.

A neutralidade diplomática adotada pelo governo brasileiro também é vista como positiva pelo economista. “O Brasil está na vantagem de ter sido um dos menos afetados pelas tarifas americanas. Se o governo não atrapalhar, o país tem uma oportunidade real de ganhar mercado“, defende.

Volatilidade nos mercados e risco sistêmico para emergentes

A turbulência provocada pelas tarifas também tem reflexos nos mercados financeiros. Corano destaca que a instabilidade tem levado investidores globais a buscar ativos de proteção, como o dólar, pressionando ainda mais as moedas de países emergentes.

O cenário global já era de alerta. Agora, com esse tumulto nas cadeias produtivas, o risco de apreciação do dólar aumenta, o que encarece as importações brasileiras e pressiona a inflação local“, avalia. O economista acrescenta que, diante desse cenário, o Banco Central do Brasil poderá ser forçado a manter juros elevados por mais tempo, mesmo com o risco de uma desaceleração econômica mais profunda.

Para Corano, o grande desafio está em evitar um ciclo vicioso: dólar em alta, inflação pressionada e necessidade de juros altos, o que acaba freando ainda mais a economia nacional. “Quem sofre nesse cenário são, sobretudo, os menos favorecidos“, alerta.

Espaço para acordo existe, mas incertezas persistem

Apesar das tensões, Corano acredita que ainda há espaço para um acordo entre China e Estados Unidos. “Com Trump, tudo é possível. Ele impõe medidas drásticas e recua na mesma intensidade. Se a pressão interna nos EUA aumentar, não seria surpresa uma reviravolta nas negociações“, prevê.

Ainda assim, o economista reforça que a volatilidade deve continuar pautando os mercados nas próximas semanas. “Os movimentos de queda e euforia são naturais num cenário tão incerto. Investidores aproveitam os recuos para buscar oportunidades, mas a instabilidade deve seguir no radar“, conclui.

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