Trimestre ruim: fundos de investimento têm resgates de R$ 39,8 bi

A indústria de fundos de investimento no Brasil registrou resgates líquidos de R$ 39,8 bilhões no primeiro trimestre de 2025, segundo dados da ANBIMA. Esse foi o segundo pior resultado para o período desde 2020, refletindo um ambiente ainda marcado por elevada aversão a risco, juros altos e reavaliações de portfólio.

De acordo com Ronaldo Zanin, sócio e co-head de distribuição da AZ Quest, o movimento observado é uma continuidade do cenário adverso que começou ainda em 2023. “O cenário internacional e doméstico trazem um nível de incerteza e volatilidade muito grandes. Isso afugenta os investidores dos ativos mais sofisticados”, afirma.

Zanin também aponta a taxa Selic como fator de destaque para a realocação de recursos. “A Selic alta é um atrator relevante. O mercado já precifica uma Selic terminal próxima de 15%, o que representa um retorno absoluto que chama a atenção dos investidores”, diz.

Segundo ele, o início do ano costuma ser um momento de reorganização de carteiras por parte de grandes alocadores, como fundos de fundos, family offices e investidores institucionais. Neste contexto, classes com desempenho abaixo do esperado, como os fundos multimercado e de ações, acabaram penalizadas na redistribuição.

Os dados da ANBIMA mostram que os fundos de renda fixa, especialmente os que possuem crédito privado em carteira, apresentaram captação líquida de R$ 226,9 bilhões em 12 meses até fevereiro. Essa categoria vem ganhando protagonismo, inclusive com crescimento no número de fundos e no patrimônio sob gestão.

Questionado sobre os fatores que mais pesam hoje na decisão dos investidores em resgatar recursos de fundos multimercado, Zanin afirma que não há um único determinante. “Cenário fiscal, política monetária e volatilidade internacional estão todos no centro da decisão do investidor. O conjunto dessas variáveis limita o apetite por risco”, explica.

Para o sócio da AZ Quest, a reversão do cenário pode ocorrer a partir de eventos pontuais. Entre os possíveis gatilhos estão uma sinalização mais clara de ajuste fiscal no Brasil, redução das incertezas relacionadas à política tarifária dos Estados Unidos e a perspectiva de uma política monetária menos restritiva.

“Essas viradas de mercado costumam acontecer de forma rápida. Por isso, manter uma carteira diversificada e com exposição adequada ao perfil do investidor é importante”, destaca. Ele acrescenta que, mesmo em um ambiente adverso, os fundos da gestora conseguiram entregar retornos positivos. “Estamos preparados para capturar uma retomada quando ela acontecer”, afirma.

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