Mulher denuncia que foi internada após consumir prato em restaurante de luxo de BH


Consumidora afirma ter ficado doente depois de comer carne imprópria para consumo. Restaurante nega que infecção tenha relação com a refeição. Mulher apresentou laudos que dizem que ela passou mal após consumir filé no restaurante.
Arquivo Pessoal
Uma mulher denuncia que apresentou um quadro grave de gastroenterite que resultou em internação hospitalar após consumir um prato de um restaurante de alto padrão localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
De acordo com os laudos médicos apresentados pela vítima, ela foi infectada pela bactéria Clostridium difficile, causado, segundo a denúncia dela, pela ingestão de carne imprópria para consumo no dia em que almoçou no restaurante.
Esse tipo de intoxicação atinge o intestino grosso, geralmente após o uso de antibióticos, mas também pode estar presente em alimentos contaminados.
Ela consumiu no Zucco Cucina, localizado em um shopping do bairro Santo Agostinho, em 20 de março, e segue com complicações até hoje.
Em nota, o restaurante disse que recebeu com surpresa o relato da consumidora por se tratar de um “estabelecimento sério, que segue fielmente as normas higiênico-sanitárias aplicáveis à sua atividade”.
Afirmou, ainda, que realizou contraprova que não constataram a existência da bactéria ou de outros agentes que pudessem causar infecção e que as “condições de saúde pessoais da consumidora podem ter levado à sua situação”. (leia a nota na íntegra ao final da reportagem)
Primeiros sintomas
De acordo com o relato da cliente, ela pediu um prato com filé, mas percebeu que a carne estava crua e com odor estranho.
Acreditando que a carne estava apenas mal passada, ela pediu que fosse grelhada novamente. Mesmo com o gosto aparentemente normal após o retorno à cozinha, ela disse que o cheiro continuava diferente. Por confiar no restaurante, decidiu terminar a refeição.
“Eu achei que a carne estava fedida porque estava mal passada, mas crua ela só fede quando está fora de condição de consumo, o que eu só fui descobrir depois”, disse ao g1 a consumidora, que preferiu não se identificar.
Horas depois, ainda durante a madrugada, começou a se sentir mal, com febre, enjoo e outros sintomas. Nos dias seguintes, mesmo após tomar antibióticos e vermífugo por orientação médica, e a situação não melhorou. Mais tarde, descobriu que uma pessoa que a acompanhava no almoço também teve sintomas parecidos.
Análise da carne e internação
Após ela e a mulher apresentarem os sintomas da gastroenterite, a mulher procurou o restaurante, que informou ainda ter uma amostra da carne servida e que faria exames para analisá-las.
O laudo apresentado apontou que não havia contaminação por Salmonella ou Escherichia coli, bactérias comuns em casos de intoxicação alimentar.
No entanto, a cliente contestou os resultados, dizendo que outros testes importantes não foram feitos, como os que detectam a bactéria Clostridium difficile, além da medição do pH da carne, que pode indicar deterioração.
Com o agravamento do quadro, a mulher foi internada entre os dias 12 e 15 de abril. O diagnóstico foi de infecção intestinal grave, e o laudo médico apontou que a causa pode ter sido o consumo de carne mal passada.
Após a alta, ela continuou em tratamento em casa e segue com acompanhamento médico. Segundo os laudos apresentados por ela, há risco de a infecção voltar, e ela poderá precisar de um tratamento de longo prazo.
A consumidora possui uma doença autoimune, o que, segundo os médicos, pode ter agravado ainda mais o quadro. Pessoas com esse tipo de condição têm o sistema imunológico mais sensível e, por isso, estão mais vulneráveis a infecções graves.
O que diz o Zucco Cucina?
“O restaurante Zucco recebeu com surpresa o relato da consumidora, sobre suposta infecção alimentar após o consumo de uma das refeições comercializadas em nosso estabelecimento. Isso porque se trata de estabelecimento sério, que segue fielmente as normas higiênico-sanitárias aplicáveis à sua atividade.
Imediatamente após o recebimento desse relato, realizamos a contraprova no mesmo lote do produto consumido por ela e os exames laboratoriais não constataram a existência da bactéria Clostridium difficile, relatada pela consumidora, ou de qualquer agente patogênico capaz de causar qualquer tipo de infecção ou intoxicação alimentar. Ou seja, a carne estava própria para consumo. Esse exame, inclusive, foi encaminhado para a própria consumidora, que teve acesso aos resultados.
Ainda que não existissem provas de que a sua condição de saúde tivesse relação com o consumo da refeição no restaurante, especialmente em razão incongruência do lapso temporal alegado pela consumidora entre o consumo do alimento, início dos sintomas e a ida ao hospital, mantivemos contato com a consumidora e sua advogada para manter o bom relacionamento entre as partes, mas sem sucesso.
Conforme literatura médica, a colite induzida por C. difficile é adquirida após o uso de antibióticos. Os sintomas são parecidos com os de uma infecção alimentar, mas a causa não é a mesma. Ou seja, não houve relação do consumo da carne do estabelecimento com a condição adquirida pela consumidora.
O restaurante ainda procurou um gastroenterologista que confirmou que a origem da bactéria não é alimentar e que condições de saúde pessoais da consumidora podem ter levado à sua situação, especialmente por conta do histórico clínico enviado ao restaurante pela própria consumidora.
Conforme consta nos exames enviados pela própria consumidora e que também foi informado para esse meio de comunicação, comprovadamente não existe qualquer relação entre a bactéria em questão e a ingestão de qualquer tipo de alimento.
Importante informar que a consumidora relatou, através de sua advogada, que possui algumas condições de saúde que podem ter agravado a sua situação de saúde pessoal, mas é certo que sua situação não tem relação com a refeição consumida.
Mesmo que não houvesse responsabilidade, o restaurante Zucco, mantendo seu compromisso em atender seu público com excelência, tentou, de todas as formas, resolver o impasse não como forma de reconhecimento de culpa, mas apenas para preservar o relacionamento com a consumidora.
O restaurante Zucco espera a pronta recuperação da consumidora, mas, como demonstrado, não há qualquer responsabilidade do estabelecimento.”
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