Oração em latim, ladainha e homilia: o que significam os ritos do funeral do papa Francisco

BRASÍLIA – O funeral do papa Francisco ocorreu neste sábado, 26, em uma cerimônia repleta de significados. Antes de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, o corpo do papa foi abençoado durante uma missa na Praça de São Pedro.

Durante a celebração, alguns rituais da fé católica chamaram atenção, como orações em latim e grego, a comunhão para todos os fiéis da praça, entre outros. O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma), explica alguns símbolos que apareceram na cerimônia deste sábado.HomiliaA “homilia” é o momento em que o sacerdote passa a mensagem pregada durante a missa. A palavra vem do grego e significa “conversa”. É quando o sacerdote fala sobre o Evangelho e aborda outros aspectos da palavra de Deus.Na homilia, o cardeal Giovanni Battista Re, que rezou a missa, destacou o perfil conciliador do pontífice e destacou que Francisco foi um papa “junto do povo” e “atento aos sinais de seu tempo”. Battista Re é o decano do Colégio dos Cardeais. Perto do altar ficaram 220 cardeais e 750 bispos, além de aproximadamente 4 mil padres.“São inúmeros os seus gestos e exortações a favor dos refugiados e deslocados. Constante foi também a sua insistência em agir a favor dos pobres”, disse o cardeal na homilia, citando ainda a frase do papa: “Construir pontes e não muros”.

Orações em latimLatim é a língua universal da Igreja. Segundo o padre José Eduardo, quando há fiéis de diversas origens, a missa é celebrada em latim, que é “a língua litúrgica comum de todos os católicos”. Antes do início do rito da comunhão, o sacerdote inicia a reza do Pai Nosso, que é a principal oração da fé católica, conhecida como “a oração que Jesus nos ensinou”. “O Pai Nosso é sempre rezado no início do Rito da Comunhão, como expressão da nossa filiação divina em Cristo”, explica o padre José Eduardo.Funeral do papa Francisco
Ofício de defuntosO “Ofício de defuntos” é o conjunto das orações que a Igreja faz pelos fiéis falecidos. Nesse momento, patriarcas da Igreja Católica no Oriente também se apresentaram e ficaram junto ao caixão para rezar pelo pontífice, quando é feita a oração da liturgia bizantina e o coro canta em grego. Como explica o padre José Eduardo:“No caso, como o papa é o pastor de toda a Igreja, a qual tem, no dizer de S. João Paulo II, dois pulmões: Oriente e Ocidente, são feitas duas orações, em latim e em grego, para representar a unidade de toda a Igreja, órfã, diante do corpo de seu pai terreno”.ResponsórioO “responsório” é um tipo de oração, um cântico, na qual o sacerdote diz um verso e os fiéis respondem com outro. No ritual das “exéquias”, ou seja, do sepultamento, é feita a oração responsória pelo defunto. A própria palavra “exéquias” vem do latim e significa “acompanhar”. Nesse momento, o corpo é borrifado com água benta e incensado. “Com esse rito, a Igreja professa a fé na ressurreição da carne: no final dos tempos, os nossos corpos ressurgirão com Cristo glorioso”, diz o padre José Eduardo. O rito das exéquias é considerado sagrado pela Igreja. Durante esse rito, o corpo do papa foi incensado e benzido por um dos patriarcas. “A água é em recordação do batismo. E o incenso representa as nossas orações por aquela alma, orações que sobem perfumadas para o céu”, explica o padre.

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