Déficit abaixo do esperado dá fôlego, mas riscos fiscais persistem, diz economista

O Brasil registrou um déficit de US$ 2,245 bilhões nas transações correntes em março, informou o Banco Central nesta segunda-feira (28). O resultado ficou abaixo da expectativa de mercado, que projetava um saldo negativo de US$ 2,95 bilhões, e também das estimativas internas de analistas, indicando uma surpresa positiva no desempenho das contas externas.

Segundo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o dado foi favorecido pelo bom desempenho das exportações, que cresceram 5% em março na comparação anual, enquanto as importações tiveram alta de apenas 0,9%. “Esse comportamento contribuiu para uma recuperação do nível de reservas internacionais, fortalecendo a solvência externa do país“, afirmou Agostini.

Melhora no déficit, mas de forma lenta

Apesar da melhora do déficit no mês, o economista alertou que os indicadores de solvência ainda não mostram uma recuperação sólida. As reservas internacionais somaram US$ 336,16 bilhões em março, nível superior ao registrado em dezembro de 2022 (US$ 324,7 bilhões), mas ainda abaixo dos patamares mais elevados vistos em 2019 (US$ 388 bilhões) e em setembro de 2024 (US$ 370 bilhões). “As reservas estão se recuperando, mas de forma lenta, principalmente em função das incertezas globais e dos problemas fiscais internos“, observou.

O movimento de retomada nas reservas é explicado, em parte, pela valorização das exportações, mas ainda sofre influência da volatilidade provocada pelo cenário político nos Estados Unidos e pela disputa comercial com a China.

No lado dos investimentos, o Brasil recebeu US$ 5,990 bilhões em investimentos diretos no país (IDP) em março, abaixo da expectativa do mercado de US$ 8,539 bilhões e da projeção interna de aproximadamente US$ 9 bilhões. Apesar da frustração, Agostini avaliou que “o investimento estrangeiro direto segue consistente e indica que a confiança no país ainda persiste“.

Para 2025, a Austin Rating projeta um saldo negativo de US$ 57,7 bilhões em transações correntes, levemente inferior ao registrado em 2024. Agostini destacou que a principal variável para o comportamento futuro será o desfecho da disputa comercial entre Estados Unidos e China, que pode impactar o comércio exterior global e a dinâmica cambial.

O Brasil mantém uma boa avaliação de risco em moeda estrangeira, com um quadro de liquidez e solvência ainda sólido. No entanto, o principal risco segue sendo doméstico, relacionado à condução da política fiscal, que da forma como está, afeta a confiança dos agentes financeiros, principalmente os investidores e, consequente volatilidade na taxa de câmbio.“, concluiu o economista.

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