Astrônomos acreditam ter flagrado um ‘suicídio planetário’ pela primeira vez; entenda

Astrônomos que analisaram dados do Telescópio Espacial James Webb (JWST) concluíram que um exoplaneta com dimensões semelhantes às de Júpiter foi destruído ao se aproximar demais de sua estrela, sendo engolido por ela. O fenômeno, inicialmente observado dois anos atrás, foi interpretado, na época, como o resultado da expansão da estrela para a fase de gigante vermelha, processo durante o qual ela teria incorporado o planeta.

Neste mês, um estudo detalhando o evento foi publicado na revista Astrophysical Journal. Segundo os autores, trata-se da evidência mais clara já registrada de uma estrela absorvendo um planeta. A informação foi divulgada pela revista Wired.

Como um planeta pode colidir com sua estrela?

A descoberta sugere que o planeta, situado a uma distância comparável à de Mercúrio em relação ao Sol, começou a “encostar” na atmosfera da estrela. Esse contato inicial desencadeou um processo descontrolado de queda, levando à destruição do planeta. Morgan MacLeod, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, descreveu o evento como um “suicídio planetário”, uma expressão que reflete a natureza dramática do fenômeno.

Embora a hipótese inicial de expansão estelar ainda seja considerada, a massa da estrela não corresponde à de um sol em seus últimos estágios de vida. Isso fortalece a teoria de que o planeta foi atraído para uma trajetória fatal por forças gravitacionais complexas.

Astrônomos acreditam ter flagrado um 'suicídio planetário' pela primeira vez; entenda
James Webb – Créditos: depositphotos.com / forfour

1. Evolução Estelar:

  • Fase de Gigante Vermelha: Quando uma estrela como o nosso Sol envelhece, ela esgota o hidrogênio em seu núcleo e começa a queimar hélio. Isso faz com que as camadas externas da estrela se expandam enormemente, transformando-a em uma gigante vermelha. Se um planeta estiver orbitando muito perto da estrela, ele pode ser engolido pela atmosfera em expansão da gigante vermelha. A fricção com a atmosfera estelar pode então fazer com que a órbita do planeta decaia, levando a uma colisão com o núcleo da estrela.

2. Decaimento Orbital:

  • Interações de Maré: As forças gravitacionais entre um planeta e sua estrela podem gerar forças de maré em ambos os corpos. Essas forças podem dissipar energia orbital do planeta ao longo de milhões ou bilhões de anos, fazendo com que sua órbita gradualmente se aproxime da estrela. Eventualmente, o planeta pode chegar tão perto que as forças de maré da estrela o destroem, e os restos podem cair na estrela.
  • Arrasto Atmosférico: Se um planeta orbita muito perto de sua estrela e a estrela possui uma atmosfera estendida (mesmo que não esteja na fase de gigante vermelha), o planeta pode experimentar um arrasto atmosférico. Essa fricção pode reduzir a velocidade do planeta e fazer com que ele espirale em direção à estrela.

3. Perturbações Gravitacionais:

  • Interações com Outros Corpos: Em sistemas planetários com múltiplos planetas ou a presença de outras estrelas, as interações gravitacionais podem desestabilizar as órbitas dos planetas. Um planeta pode ser lançado em uma trajetória que o leva a colidir com sua estrela.
  • Planetas Errantes: Embora raro, um planeta que foi ejetado de seu sistema estelar de origem (um planeta errante) poderia, teoricamente, ser capturado pela gravidade de outra estrela e eventualmente colidir com ela.

Quais são as implicações desta descoberta?

Esta observação oferece uma nova perspectiva sobre a dinâmica entre planetas e suas estrelas. A ideia de que um planeta pode ser destruído por uma trajetória de colisão adiciona uma camada de complexidade à compreensão da evolução planetária. Ryan Lau, do NOIRLab, enfatiza que, embora a teoria do suicídio planetário seja intrigante, mais dados são necessários para confirmar essa hipótese.

O Telescópio Espacial James Webb, com suas capacidades avançadas, desempenhou um papel crucial nesta descoberta. No entanto, os astrônomos ainda aguardam acesso total às funcionalidades do telescópio para aprofundar suas investigações e validar suas teorias.

Qual o futuro das pesquisas dos astrônomos?

Este evento destaca a importância de tecnologias avançadas na exploração espacial. O Telescópio Espacial James Webb, sucessor do Hubble, continua a revelar fenômenos celestes com uma precisão sem precedentes. À medida que os astrônomos exploram mais o cosmos, descobertas como esta poderão redefinir o entendimento sobre a vida e a morte dos planetas.

O estudo do ZTF SLRN-2020 é um lembrete de que o universo ainda guarda muitos mistérios. A busca por respostas continua, com a esperança de que futuras observações tragam mais clareza sobre os processos que governam a vida dos planetas e suas estrelas.

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