Quando o agro deixa de ser futuro e vira agora

Bruno Faustino

Não sei se é o barulho das máquinas ou o silêncio das ideias que mais me impressiona quando piso na Agrishow – a maior feira agropecuária da América Latina, caro leitor. Mas sei que, ali, no calor de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o tempo corre diferente. É como se a gente entrasse numa cápsula do futuro – onde o que ainda nem chegou nas fazendas já está ficando para trás.Dessa vez, fui além das máquinas. Quis entender até onde a mente humana consegue ir quando decide plantar inovação. E a resposta chegou rápido: até onde a tecnologia permitir.Tratores que pensam. Colheitadeiras que tomam decisões. Drones que enxergam fios invisíveis e desviam deles com a precisão de um bailarino. Tudo isso reunido num só espaço, formando um espetáculo que não cabe só na câmera. É pra sentir.A Agrishow virou uma vitrine viva do agro mais ousado do Brasil. Passou o tempo em que a terra respondia só ao suor. Agora, ela escuta sensores. Máquinas que sussurram dados em tempo real. E o agricultor? Virou estrategista. Comanda tudo, muitas vezes, do celular.Se acha que isso é só para gigante, se engana. A palavra da vez é “democratização”. A tecnologia desce a ladeira e chega no pequeno, no médio, no produtor de estrada de chão batido. Por meio de parcerias, capacitações, cursos no Senai, Senar, universidades. Porque o País tem tudo pra ser protagonista da transformação.Cada conversa surpreende. Soja produzindo 20% a mais. Milho, 30% acima da média. Porque agora as soluções se conectam. O campo virou rede. E a sustentabilidade? Está ali, de cara nova. Motor movido a etanol, peça remanufaturada que dura como nova, solução que reduz custo e poluição. E uma matriz energética invejada: sol, água, vento, solo fértil. O Brasil não copia. Cria.No fim, o que mais me tocou foi o que continua essencial: o agro não é feito de máquinas. É feito de gente.

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