RS: Suspeito de crimes sexuais online pode ter feito 700 vítimas

Ramiro Gonzaga Barros foi preso em janeiro por posse de pornografia infantilDivulgação/PCRS

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) investiga o número possível de vítimas de Ramiro Gonzaga Barros, de 36 anos, preso em flagrante com material de pornografia infantil, em janeiro deste ano.

Em entrevista ao Portal iG, o delegado Valeriano Garcia Neto, titular da Delegacia de Polícia de Taquara (RS) e responsável pelo caso, contou que até o momento foram identificadas 163 vítimas, mas que possivelmente o número final seja de cerca de 700

Conforme o Instituo Geral de Perícias da PCRS, há 750 pastas com conteúdo de pornografia infantil nos dispositivos digitais de Ramiro, identificadas com nomes, partes de nome, apelido e nome de perfil em rede social. “A equipe de investigação da Polícia Civil em Taquara se dedica, nesse momento, a pesquisas nas plataformas restritas do sistema e também em fontes abertas, para que essas vítimas sejam identificadas e compareçam até a delegacia para fazer a sua denúncia”, informou o delegado Neto.

Neto explica ao iG que o perfil das vítimas do suspeito de crimes sexuais é de meninas entre 8 e 13 anos. Os crimes pelos quais ele é investigado são armazenamento de pedofilia, direção de pornografia infantil, aliciamento de crianças e adolescentes em rede social para fins libidinosos, estupro de vulnerável, estupro virtual.

A Polícia Civil está ouvindo as vítimas maiores de idade e, nos casos envolvendo menores, colhendo depoimentos dos pais. As informações prestadas têm sido consideradas fundamentais para a condução do inquérito.

Descoberta

Agentes da perícia no computador do suspeitoDivulgação/PCRS

A polícia chegou até o suspeito após uma denúncia de uma menina de 9 anos que não cedeu às pressões do Ramiro, explica Neto. Ela conversou com os pais, que procuraram a polícia. Em janeiro, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão na residencia e no estabelecimento comercial de Ramiro, além de prendê-lo em flagrante pelo crime de armazenamento de pedofilia. a detenção foi convertida em prisão preventiva, e outros dez pedidos de prisão preventiva já foram encaminhados ao poder judiciário desde então.

“Os próximos passos da investigação são identificar as vítimas, instaurar um inquérito policial para cada crime cometido pelo Ramiro em relação a cada vítima distinta, e remeter ao Poder Judiciário, para que haja uma responsabilização adequada por todos os delitos cometidos por ele”, afirma o delegado ao iG.

Suspeito criava perfis falsos para atrair as vítimas

Segundo as investigações, Ramiro aplicava técnicas de engenharia social para se aproximar das vítimas. Criava perfis falsos, iniciava conversas, ganhava a confiança delas e, com o tempo, passava a trocar informações e fotos íntimas. Para enganar as novas vítimas, ele usava imagens obtidas de outras pessoas que já haviam sido aliciadas.

“De posse desse material já produzido pela vítima, o grau de exigência aumentava. Ele passava a dirigir cenas de pedofilia, sempre sob ameça de compartilhamento do material que ele já tinha em seu poder, e também ameça à própria vítima e a familiares”, conta Neto. 

De acordo com o delegado, ele teria acompanhado algumas vítimas durante anos e, quando atingiam idade próxima dos 13 anos, ele se identificava e exigia um encontro pessoal. “E ali ele praticava estupro de vulnerável, ou seja, ele tinha relação sexual com vítima menor de 13, 14 anos, sempre registrando fotos e armazenando em seus dispositivos”, pontua o delegado responsável pelo caso.

Utilizava o trabalho para conhecer as vítimas

Polícia Civil na loja de animais de RamiroDivulgação/PCRS

Ramiro mantinha uma loja de animais exóticos no centro de Taquara (RS), que era aberta à visitação de escolas. Segundo os investigadores, o local funcionava como um ambiente estratégico para que ele se aproximasse de possíveis vítimas — uma situação comparada à clássica imagem da raposa perto do galinheiro, de acordo com o próprio delegado em entrevista ao Portal iG

O suspeito também oferecia aulas gratuitas de violão em projetos sociais, o que ampliava seu contato com crianças e adolescentes. Esses espaços facilitavam o vínculo inicial e criavam oportunidades para ganhar a confiança das vítimas.

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