Decisão sobre mudança no nome do campus da UFSC é adiada novamente

Reunião do CUn terminou sem decisão sobre a mudança no nome do campus da UFSC – Foto: Stefani Ceolla/ND

A mudança do nome do campus da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) na Trindade, em Florianópolis, foi tema da sessão do CUn (Conselho Universitário) desta terça-feira (6), em continuidade à discussão iniciada na semana passada.

A reunião, no entanto, terminou sem uma decisão sobre a retirada do nome de João David Ferreira Lima do campus, já que dois conselheiros fizeram pedido de vista.

Alex Degan, diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), e uma representante da pós-graduação, fizeram a solicitação.

Conforme a Apufsc-Sindical, os conselheiros justificaram que são necessários esclarecimentos a respeito do parecer elaborado pelo relator, Ubirajara Moreno, e dos pontos levados à votação.

Discussão sobre a mudança no nome do campus da UFSC

O nome do campus da UFSC já foi pauta de reunião do CUn em 29 de abril, quando o reitor Irineu Manoel de Souza decidiu adiar a discussão após quatro horas de sessão.

Ele acatou a sugestão de conselheiros. Quando a sessão foi encerrada, ainda havia três pessoas inscritas para falar.

Entre elas, um familiar do ex-reitor, João David Ferreira Lima, que nomeia o campus no centro do debate.

Debate sobre homenagens sobre suposto colaborador da ditadura militar envolvem nome do campus da UFSC

Debate sobre homenagens a suposto colaborador da ditadura militar envolve nome do campus da UFSC – Foto: Stefani Ceolla/ND

A sessão foi reaberta nesta terça-feira, com a fala dos inscritos na reunião passada. O professor Paulo Pinheiro Machado, do Departamento de História, fez um pedido para o assunto ser resolvido na sessão.

O docente é membro da CER/CMV (Comissão de Encaminhamentos do Relatório da Comissão Memória e Verdade) que apresentou o parecer do processo sobre a mudança no nome do campus.

Além dele, os conselheiros Luiz Paiva, representante do CED (Centro de Educação) e Rodrigo Sartoti, do departamento de Direito, também pediram a fala.

Rodrigo argumentou que “não faz sentido dar ao campus o nome de alguém que foi contra a sua criação”, fazendo a leitura de um texto do ex-reitor João David Ferreira Lima em que ele se expressa contrário à existência do campus da UFSC.

Neto do ex-reitor negou as acusações

O neto do ex-reitor, Gabriel Couto Ferreira Lima, questionou os argumentos apresentados pelo relatório sobre nome do campus da UFSC.

Segundo ele, se Ferreira Lima tivesse adotado a posição exposta pela comissão, a UFSC teria enfrentado uma “limpeza ideológica sem precedentes”, mas “cabeças não rolaram.”

Para ele, as “barbaridades perpetradas pelos dirigentes da UFSC inexistiram naquele período.”

Após o termino das falas, o relator do processo, Ubijara Moreno, apresentou seu parecer, que acatou alguma das sugestões do conselho expostas na semana passada. Mas a votação não ocorreu devido aos pedidos de vista.

Entenda discussão sobre o nome do campus da UFSC

A Comissão Memória e Verdade da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) recomendou que a universidade tome medidas para reparar os danos causados pela Ditadura Militar, ocorrida no Brasil de 1964 a 1985.

Entre os pedidos, o relatório sugere que sejam retiradas as homenagens ao ex-reitor João David Ferreira Lima, que teria perseguido estudantes, professores e servidores no período.

Livro de advogada aponta erros no relatório

No entanto, uma pesquisa aponta que a história do ex-reitor João David Ferreira Lima não era exatamente assim.

O livro “UFSC: em nome da verdade”, escrito pela, advogada Heloisa Ferro Blasi Rodrigues e lançado em dezembro de 2024 mostra supostos equívocos no relatório.

Segundo a pesquisa, a Comissão da Verdade da UFSC teria distorcido posturas, decisões e comportamentos do primeiro reitor da instituição, João David Ferreira Lima.

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