Selic em 14,75% reacende debate entre analistas sobre fim do ciclo de alta

Copom pede cautela enquanto desafio fiscal eleva risco de inflaГѓВ§ГѓВЈo, analisa VanDyck

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, passando de 14,25% para 14,75% ao ano. A decisão, anunciada na quarta-feira (7), veio em linha com a expectativa do mercado e representa a sexta alta consecutiva dos juros básicos da economia. No comunicado, o Copom justificou a elevação como necessária para enfrentar a inflação persistente, que acumula 5,49% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional.

Apesar do novo aperto monetário, o Banco Central adotou um tom mais cauteloso sobre os próximos passos. O colegiado afirmou que o estágio avançado do ciclo de alta, somado às incertezas do cenário econômico, exige “cautela adicional” e “flexibilidade” na condução da política monetária.

Selic: cautela do BC é acertada diante da inflação resistente

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a decisão do Copom de elevar a Selic para 14,75% já era amplamente esperada, mas o que chamou atenção foi o tom do comunicado. “Ele repete uma linguagem semelhante à do Federal Reserve, ao destacar que os riscos para a inflação, tanto para cima quanto para baixo, estão mais elevados que o usual”, observou.

Cruz avalia que, apesar disso, o tom do Banco Central brasileiro foi mais duro do que o do Fed. “É uma postura mais preocupada com a inflação do que com a atividade econômica. A sinalização de vigilância e a possibilidade de nova alta reforçam a leitura de que o ciclo pode não ter se encerrado”, afirmou.

O estrategista considera acertada a decisão de não fechar a porta para mais uma elevação dos juros, já que as expectativas inflacionárias seguem distantes da meta: “O Focus ainda projeta 5% para este ano e 4% para 2026, o que deve manter o mercado desconfortável nos próximos meses.”

Cenário segue indefinido, diz Way Investimentos

Para Alexandre Espírito Santo, sócio e economista-chefe da Way Investimentos, a decisão do Copom de elevar a Selic em 0,50 ponto percentual foi a escolha menos conservadora diante da incerteza entre uma alta de 0,50 ou 0,75 p.p. “Com isso, a taxa básica alcança 14,75% ao ano, ultrapassando os níveis observados durante o governo Dilma e marcando o maior patamar desde 2006”, destacou.

O economista pondera que, embora alguns indicadores sinalizem desaceleração, o mercado de trabalho segue aquecido, o que justifica a atuação contínua do Comitê. Espírito Santo observa que o comunicado do BC não trouxe um guidance claro para a próxima reunião e avalia que o cenário fiscal e político conturbado — com pautas como a CPMI do INSS e a questão dos precatórios — deve influenciar a condução monetária.

Nosso cenário base é de Selic estável até o fim do ano, com IPCA em torno de 5,3%”, projeta. Para uma eventual queda no último trimestre, ele vê como condição essencial uma taxa de câmbio abaixo de R$ 5,70, o que poderia suavizar a inflação e reduzir o desafio para 2026.

ASA: Selic já atingiu nível terminal

Na avaliação de Leonardo Costa, economista do ASA, o tom do comunicado foi neutro, com leve viés dovish, ou seja, menos propenso a novos apertos monetários. “Acreditamos que o ciclo de alta se encerra nesta reunião, com a Selic permanecendo em 14,75% até o fim do ano”, afirmou.

Para Costa, a ausência de um sinal claro para a próxima decisão indica que o Banco Central busca manter flexibilidade diante das incertezas, mas já considera o atual nível de juros suficientemente contracionista para lidar com o cenário inflacionário.

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