Fraude no INSS: entidade fez 1.569 descontos por hora em mês recorde

Em abril de 2024, a Associação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas da Nação (Abapen) registrou um volume impressionante de filiações, totalizando 251.074 novos membros em apenas um mês. Este número representa um aumento significativo em comparação com os anos anteriores, destacando-se como um fenômeno notável no cenário das associações de aposentados e pensionistas no Brasil. Como essas entidades têm autorização para efetuar descontos diretamente nos benefícios pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o crescimento abrupto levanta preocupações sobre a regularidade dessas filiações e o impacto direto na renda dos beneficiários.

Para alcançar tal marca, a Abapen precisaria realizar cerca de 12.554 inclusões diárias, ou aproximadamente 1.569 por hora. Este mês específico foi responsável por 78% de todas as inserções realizadas pela entidade ao longo de 2024, o que levanta questões sobre a regularidade e a autenticidade desses processos de filiação — especialmente porque essas associações atuam diretamente junto ao INSS, sendo responsáveis por captar autorizações de desconto em folha dos benefícios previdenciários.

Quais são as implicações das filiações em massa?

A Controladoria-Geral da União (CGU) levantou preocupações sobre a regularidade das autorizações de desconto realizadas por essas entidades. O relatório da CGU destacou a discrepância no volume de filiações em meses específicos, como no caso da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), que registrou apenas uma filiação em maio de 2023, mas saltou para 187.824 em julho do mesmo ano.

Essa variação drástica no número de filiações sugere a possibilidade de inserções em massa, em vez de um processo contínuo e regular de adesão de novos membros. A CGU também apontou indícios de fraudes, uma vez que as entidades não conseguiram comprovar sua capacidade operacional para lidar com tal aumento no número de beneficiários. Em muitos casos, essas filiações são usadas como base para autorizar descontos mensais diretamente nos benefícios pagos pelo INSS, o que pode comprometer a renda dos aposentados e pensionistas sem o devido consentimento ou conhecimento por parte dos mesmos.

Como as entidades estão estruturadas para atender seus membros?

Um dos pontos críticos levantados pela CGU é a estrutura operacional das associações. Das 29 entidades auditadas, apenas 12 afirmaram ter mais de 10 funcionários, enquanto nove relataram ter até 10 empregados. O restante não forneceu informações sobre seu quadro de pessoal. Essa falta de estrutura adequada levanta dúvidas sobre a capacidade dessas entidades de gerenciar eficientemente o aumento no número de filiados.

Além disso, a capilaridade das associações também foi questionada. Embora as 29 entidades realizem descontos em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal — por meio da autorização de descontos via folha de pagamento do INSS — apenas sete delas possuem mais de cinco filiais pelo país. A maioria não informou se possui escritórios fora de seu estado de origem, o que pode limitar sua capacidade de atender efetivamente seus membros em diferentes regiões.

O que os dados revelam sobre a distribuição geográfica dos filiados?

O relatório da CGU destacou um fato curioso: a maior parte dos filiados de seis das dez principais entidades está localizada em unidades federativas diferentes daquelas onde suas sedes estão situadas. Isso sugere uma desconexão entre a localização das sedes das associações e a distribuição geográfica de seus membros, o que pode impactar negativamente a prestação de serviços e o suporte aos filiados — principalmente quando os descontos são feitos diretamente nos benefícios do INSS, mas sem presença física ou canais efetivos de atendimento nas regiões onde os beneficiários vivem.

Conclusão

Em resumo, o aumento expressivo no número de filiações em algumas entidades de aposentados e pensionistas levanta questões importantes sobre a regularidade dos processos de adesão, a capacidade operacional das associações e a distribuição geográfica dos filiados. Esses fatores são cruciais para garantir que os direitos e benefícios dos aposentados e pensionistas, pagos pelo INSS, sejam devidamente respeitados e protegidos, evitando prejuízos financeiros e assegurando transparência nas autorizações de desconto.

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