10 anos após acidente e inundação histórica, hotel ainda aguarda reparação

Por SELES NAFES

No dia 7 de maio de 2015, moradores de Ferreira Gomes, município a 135 km de Macapá, foram surpreendidos com a água do rio Araguari invadindo casas, estabelecimentos comerciais e prédios públicos. Há 10 anos, a abertura desordenada das comportas de três hidrelétricas causou a maior inundação já registrada na cidade, um dos principais polos de turismo do Amapá. Moradores foram indenizados com valores menores, mas vários empreendimentos ainda aguardam uma decisão final da justiça, como é o caso do hotel Família Bianchi, que foi devastado pela força da água.

De acordo com as investigações, não havia na época um sistema que permitia a comunicação entre as três hidrelétricas que operam no Rio Araguari: a Coaracy Nunes (Paredão), Ferreira Gomes Energia e a Cachoeira Caldeirão, que ainda estava em construção.

Ao receber um volume gigantesco de água, a Caldeirão deveria ter avisado as outras duas barragens que elas precisavam reduzir a vazão, o que não ocorreu. A saída foi também abrir todas as comportas, o que causou o desastre.

Não houve mortos nem feridos, mas os prejuízos patrimonial e ambiental foram enormes. Na época, dezenas de moradores foram indenizados em R$ 35 mil por danos residenciais. No entanto, os maiores valores estão com processos se arrastando até hoje.

Apartamentos atingidos…

…altura em que chegou a água nas suítes

Campo de futebol e quadra…

…prejuízo

“Os valores maiores ficaram esquecidos. O nosso processo, por exemplo, ficou parado por cinco anos, até que conseguimos destravá-lo por meio do tribunal”, explica Mário Bianchi, que preside a Associação Comercial e Industrial de Ferreira Gomes.

Naquele 7 de maio, um ‘tsunami’ barrento invadiu todos os apartamentos do hotel Família Bianchi, destruindo piscina, restaurante, bar, cozinha, escritório e até o carro do empresário foi atingido. A juíza da comarca chegou a determinar que as hidrelétricas pagassem R$ 1,4 milhão ao hotel, além de R$ 10 mil de indenização por danos morais ao empresário Mário Bianchi.

No entanto, o empresário ajuizou recurso alegando que a magistrada usou como base de cálculo o ano de 2019, apesar de o acidente ter ocorrido em 2015. Os advogados do hotel ajuizaram um agravo apresentando o valor atualizado de R$ 5 milhões.

Bar…

…e estacionamento

Hotel foi engolido pelo Araguari

“Nunca fomos indenizados’

Mário Bianchi, que possui dezenas de funcionários, relembra os meses que se seguiram após o recuso da água.

“Peguei empréstimos, me endividei todo para levantar de novo e reconstruir tudo. Foram mais de quatro meses fechados, sem faturamento”, recordou o empresário.

Bianchi sabe que ainda vai esperar mais alguns anos, já que o processo ainda é discutido na 1ª primeira instância.

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