Exportação capixaba cai 34% no 1º mês do tarifaço de Trump nos Estados Unidos

Minério de ferro no complexo de Tubarão: material foi um dos que tiveram queda no valor total de vendas ao exterior no último mês.

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Marcelo Coelho — 11/10/2017

As exportações do Espírito Santo para o mercado internacional desabaram no primeiro mês de vigor do “tarifaço” estabelecido pelo presidente americano Donald Trump, quando comparados os dados anuais e mensais disponíveis no Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, e Comércio.As vendas totais foram de US$ 636 milhões (R$ 3,6 bi) em abril. No mesmo mês em 2024, esse valor foi de US$ 974 milhões (R$ 5,5 bi), uma queda de 34,7%. Já em relação a março, quando o total foi de US$ 880 milhões (R$ 5 bi), a queda foi de 27,7%.O ferro fundido e o aço foram os produtos que mais tiveram queda em valor. Em abril de 2024, foram cerca de R$ 183,7 milhões em ferro fundido, ferro e aço comercializados no mercado internacional. Já no mesmo mês deste ano, o valor caiu para R$ 77,4 milhões, redução de 57,87%A diversificação dos fornecedores de alguns países-destinos das exportações brasileiras devido à maior oferta do produto no mercado pode ser um dos motivos para o dado negativo, avalia a mestre em Administração e professora de Economia e Mercado, Renata Oliveira.“Os Estados Unidos são um grande consumidor de ferro e aço. Quando caem as exportações para o país, há maior oferta do produto e permite às nações diversificarem o fornecimento. Isso gera proteção”, analisa.Já para o professor e especialista em Relações Institucionais Daniel Carvalho, a queda se deve a dois fatores diferentes: a nova política tarifária americana e a antecipação da compra de alguns países. “Os compradores americanos, sabendo que haveria o tarifaço e que os preços iriam subir, anteciparam muitas compras e, por isso, se exportou tanto em março”.Observar o comportamento dos próximos meses é fundamental para entender o cenário, afirma Carvalho. “A gente vai ver a coisa meio que adentrando em um novo normal”, diz.A medida adotada pelos EUA acende alerta para o risco de redução da competitividade internacional dos produtos capixabas, aponta a Federação do Comércio (Fecomércio-ES) e o Sindicato do Comércio de Importação e Exportação (Sindiex). “A medida traz implicações para a balança comercial capixaba”, disseram as instituições, por meio de uma nota conjunta. Saiba Mais FindesPara a federação das Indústrias do Espírito Santo, é preciso avaliar com cautela os futuros impactos da política tarifária americana.“Nesse momento, o tarifaço não é responsável pela redução de 34,7% nas exportações do Espírito Santo no mês de abril”, diz a gerente de Estudos Estratégicos do Observatório Findes, Carolina Ferreira.A entidade explica que as cargas embarcadas em abril já possuíam processos de solicitação iniciados nos meses anteriores, ou seja, antes do vigor do tarifaço.Há ainda a possibilidade de que um grande volume de cargas tenha sido planejado para ser exportado na última semana de um mês e postergadas para a primeira semana do mês seguinte, provocando uma elevação em março de caráter logístico.TarifaçoA taxação de importações de produtos foi anunciada por Donald Trump, presidente dos EUA, em 2 de abril e começou a valer no dia 5 do mesmo mês.A ação gerou uma onda de retaliações de outras naçõesm algo que configurou em uma guerra comercial, provocando um nó no mercado internacional.O objetivo de Trump é reindustrializar os EUA, ou seja, importar menos e produzir mais.

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