Museu da Imagem e do Som recebe exposição em homenagem a Lídia Baís


Lídia é considerada uma das personalidades femininas mais importantes das artes visuais em Mato Grosso do Sul. A mostra é uma celebração aos 125 anos de nascimento da artista e integra a programação da Semana Nacional de Museus. Lídia tinha esperança de que no futuro sua obra fosse compreendida
Reprodução
A exposição ‘As várias faces de Lídia Baís’ será inaugurada nesta segunda-feira (12), às 19h, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Campo Grande. A mostra é uma celebração aos 125 anos de nascimento da artista e integra a programação da Semana Nacional de Museus. A exposição está aberta para visitação até o dia 30 de junho, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp
A Semana Nacional de Museus de 2025, promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), acontece entre os dias 12 e 18 de maio, com o tema ‘O futuro dos museus em comunidades em rápida transformação’.
O evento marca as comemorações do Dia Internacional dos Museus, celebrado em 18 de maio, reunindo obras emblemáticas de Lídia Baís, sob a curadoria do Museu de Arte Contemporânea (MARCO).
Buscando destacar a trajetória e a relevância da artista para a cultura do estado, Lídia é considerada uma das personalidades femininas mais importantes das artes visuais em Mato Grosso do Sul. Destacada pela sua persistência em produzir arte mesmo diante das limitações culturais impostas por sua terra natal. De origem italiana, nasceu em 1900, em Campo Grande.
Com o objetivo de romper o isolamento cultural e com o apoio da família, Lídia iniciou seus estudos no Rio de Janeiro, com o renomado Henrique Bernadelli.
Em 1927, durante uma viagem à Europa, conheceu Ismael Nery, precursor do surrealismo no Brasil. Ao retornar para o Brasil, retomou os estudos com os irmãos Bernardelli e Oswaldo Teixeira, realizando, em 1929, uma exposição na Policlínica do Rio de Janeiro.
Incompreendida e pressionada pela família, Lídia voltou para Campo Grande, onde, na época, esperava-se que as mulheres se limitassem aos afazeres domésticos e ao casamento. Sentindo-se confinada, ela passou a pintar alegorias nas paredes do sobrado da família. Após a morte do pai, Lídia se enfraqueceu emocionalmente, encontrando forças na sua espiritualidade, nas estrelas e em questões existenciais para continuar.
Lídia também encontrou consolo nas religiões e considerava a arte uma expressão sagrada e libertadora. Idealizou a criação de um museu de arte na capital. Embora não tenha concretizado o sonho do Museu Baís, não deixou de acreditar na importância e na força transformadora da arte.
Hoje, sua visão ganha contornos reais graças a pessoas que defendem a arte e a cultura como pilares para o desenvolvimento da sociedade.
O acervo de Lídia foi doado à Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Desde 1991, o Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul tem a honra de preservar este acervo.
Para o diretor-presidente da Fundação, Eduardo Mendes, essa mostra oferece ao público a oportunidade de se aproximar da produção de Lídia Baís de maneira sensível e educativa, promovendo experiências que estimulam o olhar crítico, a reflexão sobre pertencimento e o reconhecimento de narrativas que, muitas vezes, foram invisibilizadas na história da arte brasileira.
A coordenadora do MARCO, Vera Bento, ressalta que a parceria entre o MIS e o MARCO reforça o papel dos museus como espaços vivos de memória, criação e formação crítica.
“Lídia Baís é figura central na história da arte sul-mato-grossense. Com uma trajetória marcada por ousadia estética, inquietação espiritual e profunda consciência de seu tempo, construiu uma obra singular que articula elementos do sagrado, do feminino e da ancestralidade em composições densas e simbólicas. Ao valorizar suas raízes familiares e questionar padrões sociais, Lídia rompeu silêncios impostos às mulheres e consolidou uma linguagem própria, com forte valor identitário,” afirma.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:
Adicionar aos favoritos o Link permanente.