Quem foi a professora Maria Amoras, ativa nas redes e mãe de 11 filhos: ‘uma fortaleza’

Por SELES NAFES

Faleceu em Belém (PA) uma das professoras mais respeitadas e dedicadas da rede pública do Amapá. Maria Helena Amoras, de 94 anos, foi sepultada nesta segunda-feira (12), na capital paraense. Nascida no município de Amapá, a 310 km de Macapá, ela construiu toda sua carreira na educação pública e vivia em Belém desde a aposentadoria, nos anos 1980.

Nascida em maio de 1930, Maria Helena completaria 95 anos no próximo dia 29. Foram 32 anos de dedicação ao magistério, a maior parte deles em salas de aula do GM e da Escola Barão do Rio Branco, em Macapá.

Ao se aposentar, em 1984, mudou-se para Belém para apoiar os filhos mais novos, alguns ainda na faculdade e outros prestes a iniciar a graduação. O mais novo, então com 16 anos, acabou falecendo precocemente — uma dor profunda que marcou a professora.

Mesmo diante da perda, foi na fé em Deus e no amor pelos outros filhos que ela encontrou forças para seguir em frente.

“Ficamos preocupados, mas ela sempre nos surpreendia. Era uma fortaleza. Superou tudo pensando que precisava se manter firme para acolher os outros filhos. Era muito forte, física e espiritualmente. Deixou um legado imensurável de fé, sabedoria, amor ao próximo e união familiar”, resume a filha Halda Amoras, de 71 anos.

Maria Helena (esquerda) ao lado de uma colega nos tempos de GM. Foto: Blog Porta-Retrato

Com o marido, parte dos filhos e netos. Fotos: Reprodução/Facebook

Católica devota de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira de Belém, Maria Helena escreveu 3 livros e manteve-se ativa nas redes sociais por vários anos. No Facebook, costumava compartilhar reflexões e mensagens baseadas nos ensinamentos de Jesus.

“Mas com o passar do tempo, a idade trouxe algumas limitações. Ela foi se afastando do Facebook porque já não conseguia mais usar o computador por muito tempo. E ela não gostava de celular”, contou Halda.

Nomes com H e a queda em casa

O casamento com o servidor público Marcos Farias dos Santos, falecido em 2014 aos 88 anos, resultou em 11 filhos — todos com nomes iniciados pela letra H, uma tradição comum em gerações passadas.

Sua força física e emocional também se manifestava na independência: fez questão de deixar claro aos filhos que não queria dar trabalho quando partisse. Por isso, decidiu adquirir sua própria sepultura com antecedência.

“Ela sempre dizia: ‘Minha filha, não quero dar trabalho pra ninguém’. Lógico que a gente não se importaria em ajudar, mas ela era muito forte e independente”, lembra Halda.

Três livros publicados após a aposentadoria

Em abril, a professora sofreu uma queda em casa e quebrou o fêmur. A cirurgia foi bem-sucedida, mas complicações de saúde surgiram durante o período de recuperação. Internada, acabou sofrendo uma embolia pulmonar fatal.

O sepultamento ocorreu no cemitério Parque da Eternidade, no bairro do Marco, em Belém. Nas redes sociais, educadores, ex-alunos e autoridades, como o governador Clécio Luís e o senador Randolfe Rodrigues, prestaram homenagens à professora que deixou um legado de dedicação, fé e amor à educação.

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