Estudante da PUC-Campinas diz ter sido perseguido por seguranças e denuncia racismo: ‘Perguntaram se eu era aluno’


Jovem estuda relações públicas e está no último ano. Instituição afirma que vai abrir sindicância para investigar o ocorrido. Estudante da PUC-Campinas diz ter sido perseguido por seguranças e denuncia racismo
Redes Sociais/Reprodução e Rafael Smaira/g1
Um estudante de relações públicas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas registrou um boletim de ocorrência pelo crime de racismo após ter sido constrangido por seguranças no Campus 1 da instituição na noite desta quarta-feira (15).
Segundo Gabriel Domiciano, dois vigilantes o seguiram, questionaram se ele era aluno e exigiram comprovação, que acabou sendo feita por um professor, na sala de aula, em frente à turma. A PUC-Campinas informou que vai instaurar uma sindicância para investigar o caso.
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Constrangido por seguranças
Em vídeo publicado nas redes sociais, Gabriel conta que às quartas-feiras tem apenas o segundo período de aula e, por isso, chegou mais tarde que o habitual. Era por volta de 21h quando percebeu que um guarda o seguia pelo estacionamento. Ele foi até o banheiro e, ao sair, foi abordado.
“Os dois guardas estavam de pé, me esperando para perguntar o que eu estava fazendo ali, se eu era aluno da faculdade. Mil coisas passaram pela minha cabeça”, comenta. O estudante então sugeriu que os guardas o acompanhassem até a sala de aula, onde teriam a confirmação de um professor.
“Abri a porta e chamei meu professor e falei: ‘tem duas pessoas aqui querendo saber se eu sou aluno da faculdade’. Foi quando o meu professor se envolveu também, respondeu eles que, sim, eu era aluno. Eles começaram a falar que era procedimento, que eles sempre fazem isso com os alunos”.
“Aproveitei a oportunidade, como eu estava de frente para a sala inteira, de perguntar para todo mundo. Falei assim: ‘alguém aqui já passou por isso? Alguém já foi perguntado se é aluno da faculdade por esses guardas?’ e ninguém havia sido perguntado”.
Gabriel Domiciano relata que o professor anotou o nome dos guardas e afirmou que tomaria providências. Momentos depois, o próprio jovem saiu da sala de aula e foi questionar a chefia da guarda, que teria confirmado que se tratava de um procedimento.
No vídeo, o rapaz ressalta que “nunca viu isso acontecer com outra pessoa que não fosse preta”. Ele estuda relações púbicas e está no último ano. “Esse constrangimento que eu passei, eles podem ter certeza, eu vou fazer o que for necessário para ser feito, para que eu me sinta justiçado”, completa.
PUC diz que vai abrir sindicância
A PUC-Campinas informou em nota que o caso será rigorosamente apurado pela instituição e que será instaurada uma sindicância para a devida investigação dos fatos e apuração de responsabilidades. Disse ainda que repudia veementemente qualquer ato ou manifestação de racismo e discriminação. “Nossa Instituição preza por um ambiente acadêmico inclusivo, plural e de respeito mútuo”, declarou.
“Ressaltamos que a Universidade conta com o Centro de Estudos Africanos e Afro-brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro, que está acompanhando o caso e prestando todo o suporte necessário. Este Centro é fundamental em nossas ações contínuas de promoção da igualdade racial e combate ao racismo”. A universidade completou a nota reafirmando “seu compromisso com a justiça, a igualdade e a construção de uma sociedade antirracista”.
Foto aérea do campus da PUC-Campinas
Rafael Smaira/g1
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