Conheça os encantos de Nice, no sul da França

Conheça os encantos de Nice, no sul da FrançaJorge Eduardo Antunes

Nice, França – Foi na Idade da Pedra que o homem deixou seus primeiros vestígios em Nice, quinta cidade mais populosa da França. Ali, na hoje Provence-Alpes-Côte d’Azur, uma das 18 regiões administrativas do país europeu, que tirava da natureza o seu sustento, como comprovado pelo sítio arqueológico de Terra Amata. E, claro, observava o belíssimo mar.

Milhares de anos depois, a cidade segue proporcionando o deslumbramento de suas águas de azul único, paisagens admiráveis, muita história e gastronomia incrível. A revista GPS|Brasília conheceu as cores, sabores e aromas de Nice. E admirou-se com as paisagens incríveis que são a marca desta região, que se estende também ao Principado de Mônaco e à Riviera Italiana.

Fundada oficialmente pelos gregos há mais de 2.300 anos, a mediterrânea Nice fica na fronteira com a Itália – já pertenceu, inclusive, a impérios e reinados que hoje estão no território da república vizinha. Como tem clima agradável, especialmente no inverno, e a vista do mar e dos Alpes, cresceu como um grande balneário aristocrático multinacional, especialmente a partir do século XVIII, o que rende à cidade um lugar na lista de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A influência estrangeira, especialmente britânica e russa, era tamanha que, em 1832, quando ainda pertencia ao reino de Sabóia-Piemonte-Sardenha, a cidade elaborou um plano urbanístico com caminhos propícios à convivência. O mais importante veio já quando a cidade passou aos franceses, em 1860: o Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses), trilha à beira-mar onde os estrangeiros faziam seus passeios.

Até hoje, o Promenade des Anglais encanta quem passa por ali. Afinal é um dos pontos mais tradicionais para turismo, com um charme especial. Logo abaixo do grande calçadão há dezenas de praias, como a du Centenaire, Beau Rivage, deL’Opera e Ponchettes. A maioria com pedras no lugar da areia, usadas como importante aterro na época da construção.

Ao longo deste imenso calçadão, há charmosos mercados de rua, como o Marché Aux Fleurs de Cours Saleya e o Marché aux Puces. Neles, é possível achar de tudo, como flores, livros, antiguidades e produtos de consumo, como chás, temperos e comidas típicas. Não deixe de experimentar, por exemplo, a socca, massa feita com farinha de grão de bico, que pode ser servida como uma pizza ou um crepe. Além disso, há dezenas de bares e restaurantes nas imediações.

Não deixe, também, de dar um passeio na Place Garibaldi e no centro histórico, todos muito perto um do outro e do Promenade des Anglais, com caminhadas de 15 minutos, no máximo. A cidade é muito segura, logo é possível passar por lugares ultracharmosos, com edifícios de arquitetura histórica e lindas praças sem se preocupar.

Cimiez

Outro ponto interessante é o bairro de Cimiez, também por sua arquitetura da Belle Époque. O local ganhou notoriedade especial com as visitas da rainha Vitória, da Inglaterra, homenageada com uma estátua por lá. O ápice deste período foi a construção do Excelsior Regina Hotel, hoje um complexo de apartamentos luxuosos, que mantém a arquitetura de 1896. Tal como o Regina, muitas construções clássicas de Cimiez eram hotéis de primeira linha, que hoje servem como moradia a famílias mais abastadas.

Le Regina

Há outras atrações que devem estar em todo o programa em Nice. Uma delas é uma visita ao Musée Matisse Nice, também em Cimiez. O pintor, desenhista, gravurista e escultor chegou a Nice em 1916, para passar o inverno, mas acabou ficando na cidade até sua morte, em 1954. A coleção tem quase seiscentas obras, doadas por Henri Matisse e seus herdeiros à cidade, e compreende um período de mais de sessenta anos de criação, que vão desde escultura e quadros de cores fortes até as composições com papéis recortados e pintados com tinta guache, além de objetos pessoais do artista.

Musée Matisse Nice

Igualmente encantador é visitar Villa Kérylos, em Beaulieu-sur-Mer, que fica a menos de dez quilômetros de Nice. Trata-se de um lindo palácio debruçado em uma colina, com ampla vista para o mar e decorado como uma casa grega de Delphos, no século II a.C., em seus mínimos detalhes, desde pisos e móveis aos jardins.

Era de Théodore Reinach, intelectual, advogado e arqueólogo francês de uma família judaica. Ele encomendou o projeto ao arquiteto Emmanuel Pontremoli, que convocou os maiores artistas e artesãos da época para dar vida às ideias. Hoje é um museu preservado, dedicado não só a seu fundador, mas à influência grega na região.

Outra visita indispensável é visitar a pequena e encantadora Èze, comuna nas redondezas de Beaulieu-sur-Mer – portanto, se você não tiver muito tempo, visite a Villa Kérylos e Èze no mesmo dia. Nesta última, não deixe de ir a dois pontos: as ruínas do castelo medieval e o Jardim Botânico, que mistura plantas de diferentes localidades. Ambos ficam no alto de colinas, com vista estonteante e, na subida ou descida, há bares, cafés e lojas para complementar a experiência.

Proximidades da Place Masséna

Por fim, as compras. Nice tem um comércio diversificado, mas é irresistível passar na tradicional Galeries Lafayette nas proximidades da Place Masséna – não deixe, também, de fazer um passeio na belíssima região. Com amplo espaço de experiências, pode ser o fim de uma visita completa a Nice, com direito a almoço (ou jantar) no restaurante Bella Bay, que fica no alto do mais icônico shopping francês.

Vinhos e perfumes diferenciados

Impossível conhecer Nice sem mergulhar em alguns universos paralelos. Os vinhos da Provença e os perfumes também merecem um encaixe na viagem. Portanto, separe pelo menos três períodos (manhã ou tarde) para experiências que vão marcar sua passagem pela cidade.

O primeiro é para apreciar o vinho. A indicação é reservar uma degustação na Cave Bianchi, instalada desde 1860 na 7 Rue Raoul Bosio. Preferencialmente, faça a experiência com Laurent Paoli, o sommelier da casa, que vai apresentar rótulos produzidos na região.

Atenção especial ao Bellet, um AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) de Nice, que foi criado em 1941, experimentou a decadência nas décadas de 1970 e 1980 e ressurgiu com vigor nos anos 1990. As uvas provêm de vinhedos de altitude (200m a 400m acima do nível do mar), administrados por 15 produtores, que vendem apenas duzentas mil garrafas. A raridade tem gosto especial.

No capítulo perfumes, aproveite sua esticada a Èze e visite a Parfumerie Galimard, uma das primeiras do país, fundada em 1747 por Jean de Galimard, perfumista da corte de Luís XV. Além das fragrâncias da casa, você pode criar seu próprio perfume no Studio des Fragrances. E se gostar muito, pode encomendá-lo para sempre. Tudo porque, após aprender a misturar as bases, o perfumista que conduz a experiência numera e mantém em arquivo a sua fórmula, para encomendas posteriores. No meu caso, o mestre perfumista foi Yusuke Masuda, um ex-jogador de futebol japonês que hoje se dedica a criar fragrâncias. Tal como a que criei, a dele também tem como alvo o público feminino.

Onde comer em Nice

Em Nice, caiu por terra parte do axioma que afirma que “francês come muitas porções com pouca comida”. É fato que a sequência de pratos segue sendo uma tradição. Mas as porções foram fartas.

A refeição mais diferenciada foi no Le Restaurant du Couvent, localizado no icônico Hôtel du Couvent – como o nome induz a pensar, um antigo convento transformado em joia da hotelaria. O menu é diferenciado e vale investir em uma refeição completa – o que sai, sem vinhos, a partir de EUR 60 – se você resistir a delícias mais caras. Hospedar-se no hotel é uma experiência que começa em EUR 500 e pode chegar a EUR 4 mil por noite.

The Bar Catherine

Outra proposta interessante é o Le Grand Balcon. Com uma atmosfera intimista, com um toque de ópera, o restaurante tem serviço impecável e uma combinação de cozinhas que vai da niçoise, a típica da região, até a fusion. Com muitos produtos frescos – afinal, o mar é logo ali – e esbanjando sabor, é uma opção interessantíssima e bem localizada. Integra o grupo Nissachic, que tem dois outros restaurantes e uma padaria.

Na parte mais antiga de Nice está o restaurante Acchiardo, administrado há quase um século pela mesma família. Ele obedece fielmente ao lado italiano das origens de Nice, pois os pratos são familiares a quem costuma frequentar cantinas osterias. O ambiente também é extremamente agradável, pois o salão de refeições divide-se em várias etapas, com paredes de pedra à mostra. Prepare-se para comer bastante, a preços bem razoáveis. Uma refeição com entrada, massa e sobremesa pode começar a EUR 25, sem contar a bebida. Só não se assuste com o nome de um prato: merda de can é, apenas, gnocchi.

No Promenade des Anglais, fica o Hôtel La Pérouse. Dentro dele, há o simpático Restaurant Le Patio, especializado na cozinha mediterrânea. São três ambientes incríveis, com decoração inspirada no mar e na Riviera Francesa. O espaço permite tanto almoços sob limoeiros ou jantares ao ar livre – e em ambiente fechado. Mas a grande pedida mesmo é o espaço do terraço, além do preço, que pode começar em EUR 28 por pessoa.

Villa Kerylos

Por fim, no dia em que for visitar a Villa Kérylos e Èze, escolha almoçar no restaurante Tillac, no Les Terrasses D’Eze – este, um complexo hoteleiro de quatro estrelas que oferece spa, wellness e tratamentos incríveis. Especializado na cozinha mediterrânea, oferece menus de almoço a partir de EUR 34 e um brunch dominical por EUR 60. A incrível vista complementa a deliciosa culinária do local.

Onde se hospedar

Nice tem hotéis para todo tipo de turista. Conhecemos o Hotel Boutique Palais Ségurane, um quatro estrelas localizado perto do Promenade des Anglais e da Colline du Château, um mirante com vista sensacional da cidade. O preço começa em EUR 177. Com 43 suítes muito bem planejadas, que incluem cozinha, o local está pronto para receber famílias, com espaços capazes de acomodar bem até oito pessoas. O hotel também oferece um confortável spa aos seus hóspedes.

No lobby, há o The Bar Catherine, uma interessante experiência gastronômica que combina todo tipo de serviço. Oferece desde um farto café da manhã – com sucos, bebidas quentes, pães, croissants, queijos, geleias, ovos e muito mais – a drinks, vinhos e a culinária niçoise.

*O jornalista viajou a convite da Atout France – Brasil e América do Sul, da Air France-KLM e da Gol Linhas Aéreas

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