Falha em lançamento de navio de guerra Norte-Coreano expõe desafios navais

Um grave acidente durante a cerimônia de lançamento de um novo navio de guerra da Marinha da Coreia do Norte, ocorrido na quarta-feira (21/05/2025) no estaleiro de Chongjin, no nordeste do país, resultou em danos estruturais significativos à embarcação. A informação foi divulgada pela agência estatal norte-coreana KCNA nesta quinta-feira (22/05/2025), em um raro reconhecimento de um revés militar por parte de Pyongyang.

O incidente, que danificou um contratorpedeiro de 5.000 toneladas, representa um constrangimento para o líder Kim Jong-un, que tem priorizado a modernização das capacidades navais do país.

Detalhes do incidente

Segundo a KCNA, o acidente ocorreu devido a uma falha no sincronismo das plataformas de lançamento, resultando na liberação prematura da seção de popa do navio. Isso causou o travamento da embarcação, com danos ao fundo do casco que comprometeram seu equilíbrio estrutural. A agência atribuiu o problema à “inexperiência do comando” e à “negligência operacional” por parte de oficiais militares, cientistas e operadores do estaleiro.

Kim Jong-un, presente na cerimônia, classificou a falha como um “ato criminoso decorrente de negligência absoluta” e “intolerável”. Ele responsabilizou diretamente o Departamento de Indústria de Munições do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC) e outras agências-chave, acusando-as de “irresponsabilidade, negligência e empirismo não científico”. O líder anunciou que os responsáveis serão julgados na próxima reunião plenária do Comitê Central do PTC, prevista para o próximo mês.

A KCNA não informou a extensão exata dos danos, se houve feridos ou as causas técnicas específicas do problema, limitando-se a descrever o incidente como “grave”.

Contexto estratégico

O navio danificado é presumivelmente da mesma classe do contratorpedeiro Choe Hyon, apresentado em 25 de abril de 2025, considerado o maior e mais avançado navio de guerra da Coreia do Norte até o momento.

Batizado em homenagem a um guerrilheiro coreano da era colonial japonesa, o Choe Hyon foi destacado por Kim Jong-un como um ativo estratégico para expandir o alcance operacional da Marinha norte-coreana e sua capacidade de dissuasão, incluindo operações com potencial nuclear.

A cerimônia de abril contou com a presença de Kim e sua filha, Kim Ju-ae, apontada por analistas como possível sucessora no comando do regime. A divulgação de imagens do evento reforçou a narrativa de fortalecimento militar, mas o recente acidente expõe desafios técnicos e operacionais na ambição de Pyongyang de modernizar sua frota naval.

Implicações

A rara admissão pública de um fracasso militar pela Coreia do Norte sugere que Kim Jong-un está determinado a avançar seu programa naval, apesar de contratempos. Analistas apontam que a transparência sobre o incidente pode refletir confiança do regime em superar os desafios técnicos e reforçar a narrativa de compromisso com o fortalecimento militar.

No entanto, a falha destaca as limitações industriais e tecnológicas do país, especialmente em projetos complexos como a construção de navios de guerra modernos.

O estaleiro de Chongjin, localizado em uma região estratégica próxima ao Mar do Japão, é um dos principais centros de construção naval da Coreia do Norte. Incidentes como esse podem atrasar o cronograma de modernização da Marinha, que enfrenta sanções internacionais e restrições no acesso a tecnologias avançadas.

Considerações Finais

O acidente no lançamento do contratorpedeiro reforça a complexidade dos esforços norte-coreanos para expandir suas capacidades navais em um contexto de isolamento econômico e tecnológico.

A resposta de Kim Jong-un, com críticas públicas e promessa de punições, indica a prioridade dada ao programa naval, mas também expõe vulnerabilidades na execução de projetos militares de grande escala.

Observadores internacionais continuarão monitorando os desdobramentos, especialmente em relação às reuniões do PTC e aos próximos passos da Coreia do Norte em sua busca por uma Marinha mais robusta.

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