Tragédia em Mariana: vítimas recusam oferta da Samarco e vão à Justiça

lama da Samarco mancha mar da Regência após tragédia em Mariana.

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Divulgação — 23/11/2015

O último esforço da Samarco para pôr fim às ações judiciais que envolvem o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG) pode não ser o desfecho da saga iniciada em 2016, um ano após a tragédia que liberou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério no Rio Doce, matou 19 pessoas e afetou 26 cidades mineiras e capixabas.A indenização fixa de R$ 35 mil estabelecida pelo Programa de Indenização Definitivo (PID) — que abarca mais categorias e tem processo mais simplificado, mas exige a descontinuidade pelo beneficiário de outras ações judiciais nacionais ou internacionais — não está sendo aceita por “milhares” dos atingidos, afirma o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), entidade criada para representar o interesse dos afetados.Entre os motivos está o baixo valor oferecido e a dificuldade de acessar outros programas mais vantajosos, criados no trâmite dos acordos — com possibilidade de reparações maiores.A burocracia excessiva para acessar o já encerrado Programa de Indenização Mediado (PIM) — que estabelece um valor de indenização calculado com a análise do dano objetivo sofrido — e as documentações pedidas fora do acordo feito entre as partes no programa Agro-Pesca — com prazo que se finaliza no dia 4 de junho — fizeram com que afetados não conseguissem acessar um recurso maior, afirma Heider Boza, representante do MAB no Estado:“A Samarco não flexibilizou em nada as compreensões e entendimentos. O que pediam de comprovação, ninguém consegue ter. Na aparência é bom (o PIM e o Agro-Pesca), mas na essência é ruim, pois ninguém consegue sucesso.” Boza afirma que a percepção dos afetados é de que a empresa estaria dificultando o acesso aos programas mais vantajosos com o intuito de “empurrar” os atingidos para a indenização de valor menor: os R$ 35 mil fixos para todos os casos.Para além da dificuldade no acesso de quem tem direito, uma outra questão envolve o prólogo disputa entre as partes: os moradores que não são contemplados.Em Vitória, a trabalhadora da cadeia de produção do camarão, Patrícia Martins, 54 anos, reclama: “está comprovado que em Vitória tivemos danos. Mesmo assim, não fomos contemplados.”

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