Como casamento real no século 19 deu origem a Joinville

União entre princesa brasileira e príncipe francês deu origem à Colônia Dona Francisca, embrião do município catarinense – Foto: Divulgação/Página Palácio dos Príncipes/ND

Joinville, no Norte de Santa Catarina, tem raízes ligadas à monarquia francesa. A cidade recebeu esse nome em homenagem ao príncipe François Ferdinand Philippe Louis Marie, terceiro filho do rei Luís Filipe I da França.

O título de François, de “príncipe de Joinville”, vinha de um principado francês próximo a Paris — Joinville-le-Pont, cidade que, em 2001, foi oficializada como cidade-irmã de Joinville.

Entenda como casamento real deu origem a Joinville

Segundo a historiadora Dolores Carolina Tomaselli, a ligação entre Joinville e o príncipe francês começou com um casamento real. Em 1843, ele se casou com Dona Francisca Carolina, quarta filha de Dom Pedro I e irmã de Dom Pedro II.

Como parte do dote, Francisca recebeu 25 léguas de terras na então província de Santa Catarina e 750 contos de réis. Dessas terras nasceu a Colônia Dona Francisca, embrião do que viria a se tornar Joinville.

Quem foi o príncipe francês?

Príncipe François Ferdinand Philippe Louis Marie – Foto: Divulgação/WINTERHALTER Franz-Xaver/ND

Com carreira militar, François ingressou na Marinha francesa ainda na adolescência. “Aos 13 anos, embarcou pela primeira vez, por ordem do pai. Ficou três anos no navio. Aos 16, era aluno da Marinha. Aos 18, virou tenente. Aos 25, contra-almirante. E aos 26, já fazia parte do Almirantado francês”, diz Tomaselli.

Ele conheceu o Brasil antes do casamento. “Em 1837, embarcou no navio Hércules e, no ano seguinte, passou cerca de um mês no Rio de Janeiro. Foi quando conheceu Dom Pedro II, Dona Francisca e o príncipe Januário”.

O príncipe voltou ao Brasil em outras duas viagens. “Em 1843, fez sua maior expedição, que incluiu visita às Minas Gerais. Desse período nasceu o ‘Diário do Príncipe de Joinville’, com relatos e desenhos da fauna e flora brasileiras. Ele era um exímio desenhista”, conta a historiadora.

O casamento com Francisca ocorreu em 10 de maio de 1843, no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Logo depois, o casal partiu para a Europa a bordo de um navio. A viagem durou 70 dias. Eles nunca mais retornaram ao Brasil.

Pouco tempo depois, em 1848, a Revolução Francesa derrubou Luís Filipe do trono, pai de François. A família foi exilada na Inglaterra, e o príncipe abandonou a carreira naval.

Colônia planejada

Durante o exílio, François foi procurado por Christian Schröder, empresário da Companhia Colonizadora de Hamburgo. Schröder propôs ocupar nove léguas quadradas das terras do dote, com a promessa de povoar com 1.500 imigrantes.

O projeto resultou na fundação da Colônia Dona Francisca, oficializada em 9 de março de 1851. O nome homenageava a princesa brasileira.

A colônia prosperou. Em 15 de março de 1866, virou oficialmente o município de Joinville, que já contava com cerca de 10 mil habitantes. O nome manteve a ligação direta com o príncipe de Joinville.

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