Detentos denunciam maus-tratos e precariedade em presídio de SC

Um vídeo gravado por detentos do regime semiaberto do Presídio de Tubarão, no Sul de Santa Catarina, escancarou nesta semana uma série de denúncias sobre as condições dentro da unidade. Nas imagens, divulgadas na última quinta-feira (6), os internos relatam frio, fome, ausência de banho de sol e represálias, como uso de gás de pimenta.

Segundo os detentos, a gravação só foi possível graças ao apoio de um agente penitenciário, que teria emprestado o próprio celular e sugerido a filmagem como forma de tornar públicas as queixas. Eles afirmam estar há seis dias sem acesso ao banho de sol, o que, segundo alegam, configura violação de direitos básicos garantidos pela legislação penal.

Além da restrição ao pátio, os presos relatam que foram alvo de gás de pimenta lançado pelas janelas das celas, sem qualquer justificativa. Em tom irônico, um dos internos mencionou que a refeição do dia veio “temperada”, fazendo alusão ao suposto uso de spray como forma de retaliação às reclamações anteriores.

A alimentação, aliás, é outro ponto de insatisfação. Os relatos indicam que as marmitas estariam vindo em quantidade insuficiente e, por vezes, com traços do gás utilizado, o que agravaria ainda mais a situação de quem já enfrenta a escassez de recursos básicos. Segundo os detentos, a falta de cobertores obriga muitos a dormirem em duplas no mesmo colchão para suportar o frio.

As denúncias surgem em meio a uma crise no sistema prisional catarinense. No último sábado (31), cerca de 900 servidores temporários foram desligados, afetando diretamente a operação de presídios e unidades socioeducativas em todo o estado.

A informação foi confirmada pela Associação dos Servidores Temporários (Atemp), que alerta para a carência de profissionais nas áreas de saúde, assistência social e educação.

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A Secretaria de Justiça e Reintegração (Sejuri), por sua vez, confirmou o desligamento em massa, mas afirmou, por meio de nota, que os serviços estão mantidos e que as unidades operam com normalidade.

O governo estadual informou ainda a nomeação recente de 757 policiais penais e mais de 200 técnicos e analistas. Novas nomeações estariam previstas até outubro, com o objetivo de recompor o efetivo e reequilibrar o funcionamento das unidades prisionais.

Enquanto o Estado afirma que os serviços essenciais seguem em funcionamento, os relatos vindos de dentro do presídio indicam um cenário de precariedade, insegurança e abandono.

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